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Incompetência da Federação deixou Mambas sem pernas para vencer o Gabão e acabou com o sonho do “Mundial” em 2018

Incompetência da Federação deixou Mambas sem pernas para vencer o Gabão e acabou com o sonho do “Mundial” em 2018

Foto de Desirey MinkohSe dúvidas existiam sobre a responsabilidade dos fracos resultados do nosso futebol nesta semana ficou evidente que a culpa é dos dirigentes. A selecção nacional de futebol de Moçambique, que por clara incompetência da Federação comandada por Alberto Simango Jr. só conseguiu viajar para Libreville na manhã do dia do jogo da 2ª mão da 2ª eliminatória de apuramento para o “Mundial” de 2018, impôs respeito à selecção do Gabão, capitaneada por Aubameyang, mas acabou por ser eliminada nos pontapés da marca de grande penalidade por 4 a 3, após perder 1 a 0 no tempo regulamentar e no prolongamento.

Após a vitória pela marca mínima na noite de quarta-feira (11) os Mambas saíram do Zimpeto e foram fazer as malas para no dia seguinte embarcarem para Libreville. Numa decisão tomada antes mesmo do jogo da 1ª mão, a Federação Moçambicana de Futebol (FMF) decidiu que a selecção iria viajar num voo fretado, supostamente para evitar o desgaste das ligações aéreas sempre complicadas no nosso continente.

Contudo, o Mambas não embarcaram na manhã de quinta-feira (12), e nem ao longo desse dia, devido ao que o secretário-geral da FMF, Filipe Johane, afirmou tratar-se de “aspectos técnicos de aviação”.

Na sexta-feira (13) a selecção também não conseguiu seguir viagem porque o avião alugado não conseguiu, atempadamente, permissão para realizar o voo entre Maputo e a capital do Gabão.

Não ficou claro como foi executado o processo de aluguer do avião na África do Sul, mas o facto é que os Mambas só conseguiram embarcar cerca das 6h30 de sábado (14), o que deve ter obrigado os jogadores a acordarem pelo menos às 4 horas da madrugada.

Entretanto, a selecção do Gabão já tinha regressado ao seu país na quinta-feira (12).

Foto de Adérito CaldeiraChegados a Libreville, no início da tarde, só houve tempo para descansar da desgastante viagem de cerca de cinco horas e seguir para o estádio onde, sem nenhum treino de adaptação ao relvado e à iluminação as 18 horas locais, Soarito, Zainadine Júnior, Miro, Jeitoso, Kito, Gildo, Jumisse, Dominguez, Reginaldo, Clesio e Hélder Pelembe estavam prontos para defender a pátria amada.

Porém, como se não bastassem as surpresas negativas, em vez do actual hino de Moçambique a banda no estádio tocou o “Viva Viva a Frelimo”.

Com os Mambas ainda a encararem Pierre-Emerick Aubameyang, uma das mais cintilantes estrelas do nosso continente, pela primeira vez o Gabão logrou empatar a eliminatória.

Decorria o minuto três e Moçambique tinha acabado de chegar pela primeira vez ao meio-reduto gabonês, a bola foi ganha por Appingangoyé que lançou o ataque com um passe longo para o relvado dos Mambas. Jeitoso de cabeça não cortou mas amorteceu para o flanco esquerdo onde Aubameyang, nas costas do seu defensor, recebeu e nem agradeceu, acelerou para a grande área onde serviu Malik Evouna no centro. O avançado que joga do Al Alhy do Egipto sentou Soarito e chutou para o fundo das redes ainda, nem se tinham jogado quatro minutos.

Mambas apagam Aubameyang

No ataque seguinte o mesmo Evouna, pelo flanco direito, fez um cruzamento remate para a baliza onde Soarito mostrou que não estava a “sonecar”.

Foto de Desirey MinkohO golo serviu para espevitar os Mambas aos 13 minutos Clésio foi até a linha de fundo do seu flanco e cruzou atrasado para a área onde estavam dois compatriotas, mas a defesa antecipou-se.

No minuto 16 o capitão Dominguez ganhou a bola perto da meia-lua e disparou forte para defesa difícil de Ovono.

Os Mambas começaram a acertar as marcações e a fechar bem os caminhos para a baliza onde Soarito se mostrava cada vez mais seguro.

Gildo, no minuto 31, em posição de fora de jogo, emendou um remate para o fundo das redes de Ovono.

Antes do intervalo a selecção de Boris Pucic tinha conseguido apagar a estrela gabonesa, que tem brilhado ao serviço do Borussia Dortmund da Alemanha e se temia poder somar mais golos na sua conta pessoal que já vai em 22 nesta época.

Gildo acerta no poste

Jorge Costa, vendo que nem em casa a sua equipa conseguia assustar Moçambique, fez a primeira alteração no onze inicial logo depois do descanso.

Mas os Mambas criaram a primeira jogada de perigo da 2ª etapa num cabeceamento de Hélder Pelembe na meia-lua que saiu perto do travessão de Ovono.

A partida disputava-se a meio-campo e as jogadas de perigo rareavam. O seleccionador do Gabão voltou a mexer na sua equipa mas, apesar da maior posse de bola, não conseguia criar perigo para Soarito.

No minuto 76 o croata fez a primeira substituição nos Mambas, refrescando o ataque com a entrada de Isac para o lugar de Hélder Pelembe.

Já em tempo de compensação, Dominguez ganhou a bola no meio-campo gabonês, passou por dois defesas, mas não teve pernas para os defensores seguintes.

No último minuto, Gildo arrancou da zona intermediária pelo flanco direito, entrou na grande área e rematou forte. A bola foi beijar a base do poste de Ovono, que estava batido. O esférico ainda sobrou na pequena área, mas não apareceu ninguém para recarga.

Soarito leva eliminatória aos penáltis

Indo buscar forças não se sabe muito bem onde, a selecção moçambicana superiorizou-se ao Gabão também no prolongamento. Isac criava perigo pelo flanco direito mas faltavam companheiros para receberem os seus cruzamentos na grande área.

Foto de Desirey MinkohBoris Pucic queria ganhar e lançou então Luís Miquissone, para o lugar de Gildo, e depois Maninho que substituiu Jumisse.

Lá atrás, quando a defesa não limpava, Soarito estava intransponível, defendeu com uma palmada um remate do meio da rua, e depois antecipou-se a Aubameyang.

Antes do apito final a bola ainda entrou na baliza moçambicana mas o árbitro tinha já assinalado fora de jogo. Antes mesmo da atrapalhada viagem, poucos acreditavam que a selecção de Moçambique conseguisse vencer no Gabão. O desconhecido treinador, Boris Pucic, contratado apenas para esta eliminatória, trouxe claramente novo fulgor à equipa de todos nós, como há muitos jogos não se via.

Com a eliminatória empatada a um golo foi necessária recorrer aos pontapés da marca de grande penalidade para encontrar a selecção vencedora. Luís Miquissone e Clésio não conseguiram converter os seus penáltis e nem mesmo uma defesa de Soarito evitou o apuramento dos Panteras Negras para a 3ª ronda de qualificação africana para o Campeonato do Mundo de Futebol de 2018 na Rússia.

E agora Simango?

Será que os Mambas teriam perdido se tivessem chegado a tempo a Libreville para preparar esta partida da 2ª mão?

Irão Alberto Simango Júnior e o seu elenco assumir as responsabilidades pela trapalhada na viagem para o Gabão e demitirem-se?

Será que vamos continuar a enganar-nos e acreditar que em Março os Mambas vão vencer o Gana e ainda apurarem-se para o Campeonato Africano das Nações de 2017 ou de uma vez por todas é chegado o momento iniciar a “reestruturação profunda” que todos prometem mas ninguém começa?

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