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Incêndios desgraçam famílias em Inhambane

Incêndios desgraçam famílias em Inhambane

No espaço de um mês, entre Junho último e Julho em curso, a cidade de Inhambane registou dois incêndios que resultaram em prejuízos assinaláveis para três famílias que viram as suas habitações devoradas pelo fogo. Num dos casos, o motivo é atribuído a crianças que não tiveram, supostamente, o devido cuidado com um fogareiro. Noutro, desconhecem-se as causas.

O @Verdade esteve no bairro Muelé, onde se registaram os incidentes em causa, e constatou que numa das habitações não aconteceu o pior porque a vizinhança deu imediatamente o seu apoio na debelação do fogo. Aliás, um dos donos das casas atingidas, que falou à nossa Reportagem na condição de anonimato por ser inquilino, não escondeu a sua angústia mas disse que o mais importante, agora, é trabalhar para recomeçar a vida.

“Na verdade eu não sou o proprietário desta casa, sou um locatário, e tudo aconteceu na minha ausência. Não estava ninguém em casa…”. As casas ora reduzidas a cinzas eram construídas de material precário, nomeadamente caniço e cobertas de palha, o que poderá ter facilitado a propagação do fogo.

“O que nos informaram (as pessoas que debelaram o incêndio) é que nesta casa vizinha estavam umas crianças provavelmente a cozinharem. Elas devem ter-se descuidado, encostaram o fogareiro na parede, que pegou fogo, e se alastrou rapidamente para a casa contígua, e esta, por sua vez, atingiu a nossa… Queimou-se tudo o que estava no seu interior e, por serem crianças que protagonizaram este desastre, não se pode pedir contas a ninguém”.

No local onde o @Verdade esteve, três casas foram queimadas e uma cozinha, numa situação em que o perigo é sempre latente pela forma como as construções estão dispostas, e pelo material usado na sua construção.

“É verdade, corremos sempre este perigo e nunca sabemos quando que virá a próxima vez, mas existe sempre essa possibilidade”, disse o nosso entrevistado. O pavor, entretanto, aumenta por se saber que essas casas são alimentadas por energia eléctrica, e se houver um curto-circuito as consequências podem ser ainda mais graves.

“Veja só que a instalação eléctrica ficou danificada, um dos postes que transporta essa energia ficou parcialmente queimado… só Deus sabe como é que os resultados deste incêndio não foram piores. Mas agora já não há nada a fazer, o que nos resta é reerguermo-nos desta tristeza. Para a frente é que é o caminho”.

Casos destes têm acontecido amiúde em Inhambane e há quase sempre uma criança por detrás de cada acidente. Os pais e encarregados de educação estão num dilema na medida em que não têm formas de evitar que os petizes usem lume, pese embora não saibam se quando saem de casa no regresso encontram a família com saúde.

De acordo ainda com o nosso interlocutor, “há momentos em que não temos outra saída. Por exemplo, eu e a minha esposa trabalhamos e as crianças vão à escola. Geralmente, elas voltam primeiro para casa e precisam de preparar alguma coisa para comer. Para isso elas têm que fazer fogo. Mesmo tendo uma empregada, quando as coisas estão para acontecer não há como evitá-las…”.

E não são todas as famílias têm empregados domésticos para cuidar da casa e das crianças. Nas zonas rurais, sobretudo, as crianças crescem aprendendo a tomar conta delas mesmas e do lar sem esperarem pelos pais, que estão na luta pela vida em diversas frentes.

“Nós educámo-las, controlámo- las, entretanto, há coisas que nos podem escapar…”. Pelo sim, pelo não, fica o alerta para que se tenha cuidado com o fogo, principalmente quando há petizes em casa.

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