A Inspecção Nacional de Actividades Económicas (INAE) continua desprovida de soluções práticas para estancar a escalada de preços durante a quadra festiva que, um pouco por todos os mercados do país, estão a registar um agravamento.
Não obstante as garantidas dadas todos os anos de estabilidade do preço dos bens de primeira necessidade, algo que no presente ano não constitui excepção, a realidade mostra o contrário, porque quase todos os mercados registam um aumento progressivo na tabela do preçário, contrariando o preconizado pela INAE.
Na conferência de imprensa havida, terça-feira, em Maputo, onde estiveram presentes quadros do INAE e alguns agentes económicos para apresentar os níveis de oferta de produtos de grande procura na quadra festiva, foi novamente assegurada a disponibilidade de stocks não havendo, por conseguinte, razões para agravamentos dos preços.
A Associação dos Micro Importadores de Moçambique (AMIM), que abastece os maiores mercados das províncias da região sul e da Beira em Sofala (centro), garantiu a disponibilidade do tomate produzido em Chókwè, Moamba e Catuane onde há dois grandes projectos de produção.
Fernando Matusse, presidente do Conselho de Direcção da AMIM, disse que a importação do tomate da África do Sul vai reduzir, dada a capacidade de oferta destes centros de produção. Quanto a batata reno, cuja produção nacional já não se faz sentir a estas alturas do ano, Matusse afirma que o mercado nacional é forçado a recorrer a importação para adicionar as reservas já existentes.
Por ocasião da quadra festiva, está nos planos da associação a importação de 900 mil sacos de batata (10 quilogramas cada), 700 mil sacos de cebola (10 quilos) e no que toca ao tomate a produção nacional vai, segundo a fonte, responder as necessi- dades da oferta e haverá um excedente.
“Se houver algum problema teremos de recorrer a importação, mas para já a produção nacional que é de boa qualidade garante o abastecimento do produto ao mercado”, disse Matusse. Quanto aos ovos, a associação viu a necessidade de importar 150 mil caixas (de 15 dúzias cada) para adicionar ao que a produção nacional oferece.
Por isso, não há razões para um aumento dos preços porquanto estão dentro do tecto estabelecido pela AMIM em estreita colaboração do Ministério da Indústria e Comércio (MIC). No que respeita as necessidades do mercado quanto ao tomate, Matusse disse serem necessários todos os dias cinco camiões, 15 de batata e 10 de cebola (todos com dois eixos), isto é 30 toneladas de cebola, 50 de batata e 700 toneladas.
“Nós temos essas quantidades neste momento e a sua disponibilidade impede o agravamento dos preços no mercado”, disse o director anotando que só dispararia se a oferta estivesse abaixo dessas quantidades.
Um eventual agravamento do preço justificar-se-ia também se as zonas onde estão os campos de produção fossem fustigadas pela chuva, porque os agricultores estariam impedidos de fazer a colheita do produto.
A “Higest”, produtora e distribuidora de ração animal, disse ter feito um investimento que elevou a sua capacidade de oferta de produção de frango de 130 para 230 toneladas mensais. Mário Couto, representante da empresa, disse que até a manhã da terça-feira, a Higest tinha um volume de 80 toneladas de frango de vários tamanhos (pequeno, médio e maior) e em pedaços distribuídas para os várias consumidores.
Couto disse que a empresa cujo produto é fornecido à oito províncias do país chegou a um acordo com todos os seus revendedores e clientes no sentido de não haveria quaisquer alterações ou variações nos preços, dada disponibilidade do produto.
A Distribuidora Nacional de Açúcar (DNA), a Associação Moçambicana dos Avicultores (AMA), a Companhia Industrial da Matola (CIM) entre outras entidades de serviços garantiram que não haverá problemas iguais aos registados nos antes anteriores.
A Inspecção Nacional de Actividades Económicas disse que além de linhas verdes de telefones, reforçou os seus efectivos de fiscalização com vista a travar qualquer tentativa de especulação ou viciação preços em prejuízo dos consumidores.
Mesmo na presença dos efectivos do INAE, reforçados ou não, os preços já estão a aumentar e a pesada factura resultante da “cegueira” da inspecção incide sobre o bolso do cidadão que acaba fazendo as festas sem recursos suficientes para o efeito.