Alguns impactos futuros da mudança climática, como o calor mais extremo e a elevação no nível dos mares, serão inevitáveis mesmo se os governos agirem rápido para diminuir as emissões de gases de efeito estufa, de acordo com o Banco Mundial.
Por causa das emissões de gás passadas e previstas de usinas de energia, fábricas e carros, o mundo encaminha para um aumento médio de temperatura de quase 1,5 grau Celsius acima dos tempos pré-industriais até 2050, disse a entidade no domingo.
“Isso significa que os impactos da mudança climática, como ondas de calor extremas, agoram podem ser simplesmente inevitáveis”, disse o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, numa conferência de imprensa por telefone a respeito do relatório intituado “Diminuam o Calor – Confrontando a Nova Normalidade Climática”.
“As descobertas são alarmantes”, afirmou. O nível dos mares deve continuar a subir durante séculos, porque as vastas camadas de gelo na Groenlândia e na Antártica só derretem lentamente.
Se as temperaturas permanecessem nos níveis actuais, os mares aumentariam 2,3 metros nos próximos dois mil anos, disse o relatório. As temperaturas médias já aumentaram cerca de 0,8 grau Celsius desde a Revolução Industrial, informa o documento.
“Mudanças climáticas dramáticas e eventos climáticos extremos já estão a afectar milhões de pessoas em todo o mundo, danificando colheitas e litorais e colocado em risco a segurança da água”, escreveu Kim no relatório.
Como exemplos de extremos, ele citou o dia de novembro mais quente da história na Austrália durante a cúpula recente do G20, “ou os um e meio a dois metros de neve que caíram recentemente (na cidade de Buffalo)”, nos Estados Unidos.
Ainda assim, os maiores impactos do aquecimento global poderiam ser evitados reduzindo as emissões de gás de efeito estufa, afirma o documento. Por exemplo: um aumento de dois graus Celsius na temperatura mundial média em relação à era pré-industrial significaria uma redução de até 70 por cento no rendimento da safra de soja e de até 50 por cento na produção de trigo no Brasil até 2050.
As autoridades de quase 200 nações vão reunir-se no Peru entre os dias 1 e 12 de Dezembro para trabalhar num acordo que deve ser firmado em Paris no final de 2015 que almeja desacelerar a mudança climática.
Kim defendeu as políticas do Banco Mundial que permitem investimentos em combustíveis fósseis nos países em desenvolvimento em casos raros, argumentando que muitas vezes servem para abastecer usinas cuja energia é vital para ajudar a acabar com a pobreza. “A África subsaariana tem um total de cerca de 80 gigawatts de capacidade instalada (de geração de energia), o que é menos que a Espanha”, justificou.