A Igreja católica africana não escapa dos escândalos de pedofilia, declarou o chefe da Conferência Episcopal da África Austral, Buti Tlhagale, segundo uma homilia difundida esta quarta-feira em Johannesburgo. “Sei que a Igreja da África sofre dos mesmos males”, declarou o arcebispo de Johannesburgo, ao se referir aos “escândalos doloroso da Igreja da Irlanda ou da Alemanha”.
“A má conduta dos sacerdotes africanos não foi exposta pela mídia com a mesma visibilidade que no resto do mundo”, destacou Tlhagale. A Igreja católica está sendo atingida nas últimas semanas por uma série de escândalos envolvendo pedofilia que atingiram inclusive o controvertido Papa Bento XVI, acusado de ter encoberto esses abusos quando era arcebispo de Munique e chefe da Congregação para a Doutrina da Fé.
“Muitos dos que consideram os sacerdotes como modelos se sentem traídos, envergonhados e decepcionados”, afirmou Tlhagale, ao reconhecer que esses escândalos foram mal administrados pelo clero. “A imagem da Igreja católica está em ruínas (…) Como líderes da Igreja fomos incapazes de criticar o comportamiento imoral dos membros de nossas respectivas comunidades”, acrescentou.
“Estamos paralisados”. A Conferência Episcopal África Austral (África do Sul, Botsuana e Suazilândia) estabeleceu, por sua parte, em 1996, um “Protocolo” que define um procedimento em caso de queixas de abuso sexual contra menores cometidos por um membro do clero. Ele precisou que o site (www.sacbc.org.za) recebeu 40 queixas deste tipo desde 1996, a maioria casos ocorridos há muitos anos.