O Ministro moçambicano da Saúde, Ivo Garrido, considera irreversível a decisão de encerrar os hospitais fia e a consequente integração dos doentes de SIDA nas unidades sanitárias do Sistema Nacional de Saúde (SNS). A decisão de encerrar os 23 hospitais dia que existiam nas províncias de Maputo e Gaza (Sul do país), Sofala, Manica, Tete e Zambézia (Centro) e Nampula e Niassa (no Norte) foi tomada em Março do ano passado pelo Ministério da Saúde (MISAU), através do titular da pasta, Ivo Garrido, considerando que este tipo de locais só agravava o estigma em relação ao SIDA e constituíam “focos de discriminação dos doentes”.
Esta segunda-feira, centenas de activistas e doentes de SIDA marcharam pela cidade de Maputo, capital moçambicana, em protesto contra esta medida, tendo, no fim da sua maratona de cerca de dois quilómetros, entregue uma mensagem ao Garrido no MISAU. “Os hospitais dia não tem lugar no ordenamento moçambicano”, disse Garrido, falando hoje no espaço radiofónico “Café da Manhã”, do programa Jornal da Manhã da Rádio Moçambique, a emissora pública nacional.
“Isso seria criar um segundo Sistema Nacional de Saúde no país”, acrescentou, argumentando não ser possível, de ponto de vista de saúde pública, manter este tipo de unidades sanitárias a atender os actuais cerca de 150 mil doentes de SIDA em tratamento no país e os que padecem de outras doenças nos hospitais comuns. Os hospitais dia foram criados num contexto em que existiam poucos doentes de SIDA em tratamento em Moçambique e o atendimento da maioria desses pacientes do processo de descentralização, bem como a garantia de um tratamento de melhor qualidade.
Garrido considerou estas reclamações como sendo legítimas uma vez que o SNS ainda não atingiu um patamar de qualidade de atendimento desejável. Assim, ele reiterou o compromisso do Governo em continuar a trabalhar no sentido de melhorar os serviços prestados aos doentes de HIV/Sida, cuja seroprevalência é de pouco mais de 16 por cento no país.