Com o The Sax Beat Party, o jovem saxofonista moçambicano, Timóteo Cuche, pretende introduzir um novo conceito de noites dançantes nos ghettos da cidade de Maputo. Na sexta-feira, 02 de Agosto, no Centro Cultural Municipal Ntsidya, no bairro de Xipamanine, realizou-se a primeira experiência.
Muitas vezes, as dificuldades relacionadas com os meios de transporte fazem com que pessoas que vivem nos bairros suburbanos da cidade de Maputo, onde se realizam os eventos culturais nem sempre têm acesso a eles. A criminalidade que lhes aguarda, no seu retorno aos bairros, é outro factor que limita a diversão nocturna no centro da urbe.
Foi nesse sentido que o jovem saxofonista moçambicano, Timóteo Cuche, e o DJ Júnior Matsinhe criaram um novo conceito de entretenimento musical – inicialmente, a ter lugar nos bairros suburbanos de Maputo – a fim de promover uma festa musical em que se misturam a música electrónica com as melodias produzidas pelo saxofone e pelos instrumentos de repercussão.
Numa fase inicial, o projecto inaugurado no Centro Cultural Municipal Ntsindya tem como desafio a necessidade de consolidar o The Sax Beat Party, como evento cultural.
Foi nesse sentido que o Centro Cultural Municipal Ntsindya se equipou de holofotes com cores vistosas e brilhantes, e reuniu um grupo de artistas entre os quais um DJ, dois saxofonistas e um percussionista. Misturando-se uma série de ‘beats’ electrónicos que, actualmente, fazem muito sucesso nas discotecas com as sonoridades do saxofone e da percussão – produzidas ao vivo – criou-se um clima sugestivo e acolhedor para quem se propõe iniciar o fim-de-semana com uma noite animada.
É por essa razão que, de acordo com Timóteo Cuche, “o que pretendemos é que, até ao fim do ano, esta iniciativa se torne uma marca de eventos culturais na cidade de Maputo, mesmo que tal referência não seja de grande nível. O importante é que os jovens saibam que o evento existe”.
Além do espaço do Centro Cultural Municipal Ntsindya, o The Sax Beat Party será realizado, continuamente, em vários bairros do subúrbio de Maputo, sendo que o próximo evento está marcado para os princípios de Setembro.
Para um programa que, como qualquer outro produto ou iniciativa, não está imune aos erros da primeira experiência, realizar o The Sax Beat Party no subúrbio é – para os organizadores – uma acção estratégica: “Nos próximos três meses, continuaremos a realizar o programa fora da cidade de Maputo, com grande enfoque para os locais que nos permitem formar o público através da distribuição de produtos artístico-musicais, que ele necessita, mas que – muitas vezes, por diversas razões – não tem como consumi-los”.
Na mesma iniciativa também estão envolvidos o saxofonista Abacilar Simbine e o percussionista Alcides Pires.
Sobre o Ntsindya, Alcides Pires considera que é um espaço sugestivo muito acessível aos artistas que pretendem realizar os seus eventos culturais, não obstante não fazer muito sucesso, porque as pessoas ainda não têm muita informação sobre o mesmo. De qualquer modo, as campanhas publicitárias que estão a ser feitas em seu entorno, usando as redes sociais e outros instrumentos de comunicação, estão a gerar um impacto positivo.
Em resultado disso, o Centro Cultural Municipal Ntsindya está a granjear a simpatia do público, o que é muito importante para a cultura de entretenimento no subúrbio.
Ora, tomando em consideração que muitos eventos de animação musical acontecem no centro da cidade, a criação do The Sax Beat Party acaba por ter a relevância de atrair as pessoas também para os bairros suburbanos.
Entretanto, para Alcides, as dificuldades que se enfrentaram na primeira edição do evento, sobretudo a relutância do público em deslocar-se ao local, “devem-se ao facto de que o Centro Cultural Municipal Ntsindya se localiza nas proximidades do Mercado Xipamanine, onde a criminalidade é muito propiciada pela falta de iluminação na via pública”.
Refira-se que, no dia do evento, diante da escassez do público no local, determinadas pessoas suspeitaram que se fosse cancelar o programa. É que até às 24 horas ainda não havia ninguém além da equipa da produção. O evento havia sido marcado para iniciar às 22 horas.
Sobre o facto, Timóteo Cuche elabora um comentário formal.
“Não acho que tenha sido um atraso porque, normalmente, numa discoteca as pessoas chegam uma ou duas horas depois da hora marcada. Então, nós fizemos o programa pensando nesse aspecto. Ou seja, tendo em conta que a hora nobre de uma discoteca é a meia-noite”.
Por outro lado, “não podemos ignorar o facto de que, como moçambicanos, o atraso marca-nos profundamente. É claro que isso não justifica o início tardio do evento”.
Satisfação geral
De uma ou de outra forma, quando o evento começou, criou-se um clima de animação intensa envolvendo o público e os artistas, que gerou uma satisfação geral. Ou, pelo menos, é o que a opinião de Timóteo Cuche revela.
“Estamos satisfeitos com a quantidade de pessoas que vieram porque sabemos que, à partida, não poderíamos ter muita gente no evento. Como uma criança temos de gatinhar, cair até aprender, efectivamente, a andar. Esperamos que o público que está aqui multiplique, de forma favorável, a mensagem sobre o The Sax Beat Party para atrair, cada vez, mais as pessoas”.