No âmbito da visita oficial de dois dias que realiza a República Portuguesa, desde esta segunda-feira, o Presidente da República de Moçambique, Armando Emílio Guebuza, deverá encontrar-se em com o seu homólogo, Aníbal Cavaco Silva, com a presidente da Assembleia da República portuguesa, Assunção Esteves, e com o Primeiro-Ministro daquele país europeu, Pedro Passos Coelho.
Em ambientes reservados, Guebuza diz encarar a sua deslocação a Portugal como oportunidade para “alargar” ao campo do PSD, novo detentor do poder, as relações de Moçambique com Portugal – nos últimos anos “excessivamente confinadas” ao PS (actual oposição maioritária), através de personalidades e interesses com o mesmo conotados.
É a primeira edição da cimeira desde a sua institucionalização em Abril de 2010 como mecanismo de consulta política regular entre ambos os países.
Esteve inicialmente prevista para Maio de 2011, mas foi suspensa por efeito da situação política interna portuguesa. As relações entre os dois países são consideradas “sólidas e estáveis”; a institucionalização da cimeira é vista como demonstrativa de tal avaliação.
Portugal apenas tem cimeiras da mesma natureza com a Espanha e Marrocos e Moçambique com a África do Sul. O “predomínio” de individualidades e interesses identificados com o PS na componente portuguesa das relações bilaterais era, porém, considerado uma lacuna – empolada com a recente vitória eleitoral do PSD.
Entre os temas da agenda da cimeira avultam os seguintes: a) participação da CGD Caixa Geral de Depósitos no recém-criado Banco Nacional de Investimento; b) activação de um fundo de USD 120 milhões destinado a financiar projectos empresariais comuns em Moçambique; c) garantia do financiamento de grandes obras de construção adjudicadas a empresas portuguesas; d) alienação, no todo ou em parte, da participação de 15% que Portugal ainda detém na Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB).
A agenda de Guebuza inclui ainda uma deslocação ao Norte de Portugal, região considerada bastião da classe empresarial lusa.