O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, recebeu esta Terça-feira (17), em audiência, o líder legítimo da Guiné-Bissau, Raimundo Pereira, que se encontra em Maputo para representar o seu país na 9ª Cimeira da Cimeira da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), com início marcado para Sexta-feira (20).
No final do encontro, o líder guineense disse à imprensa moçambicana que se encontrava em Maputo, epicentro da cimeira da CPLP, na qualidade de autoridade legítima da Guiné-Bissau tendo, por conseguinte, usado a ocasião para contactos políticos.
“Foi nesse âmbito que fui recebido pelo Presidente Guebuza e falamos sobre a situação em Bissau, bem como as perspectivas de solução”, disse Pereira, acrescentando que o momento permitiu a partilha de informações que permitirão uma boa gestão do “dossier Bissau”.
O líder da autoridade guineense lamentou o facto de a situação no seu país estar a piorar dia-após-dia e a caminhar para um estágio em que não há uma solução aparente.
Pereira, advogado e político do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), deplorou, na ocasião, a decisão tomada pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) de invadir militarmente o parlamento da Guiné.
“Pensamos e tememos que se não for encontrada uma solução duradoira que permita ter uma visão realista e inclusiva teremos a Guiné-Bissau dividida e cada vez mais mergulhada na crise”, disse o líder guineense, apontando que a solução reside na justiça e na verdade.
A solução dos problemas que o país enfrenta reside, segundo Pereira, na realização de eleições livres e democráticas, que têm virtude para os solucionar através do diálogo e entendimento, porquanto só assim se pode edificar uma nação.
Raimundo Pereira, que está temporária e politicamente exilado em Portugal, manifestou o seu optimismo com relação ao retorno da normalidade em Bissau ao afirmar que os contactos que está a efectuar tem em vista garantir a segurança não só para os que estão desterrados, mas para toda a população.
Quando estes alicerces estiverem criados, segundo Pereira, a Guiné-Bissau estará em óptimas condições para realizar eleições livres e democráticas.
Pereira foi afastado da presidência de Bissau no golpe militar de 12 de Abril, que derrubou o governo democraticamente eleito.
Alguns dos membros do governo derrubado, entre os quais, o presidente interino, Raimundo Pereira, o Primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Djaló Pires, foram acolhidos em Portugal.