O Chefe do Estado moçambicano, Armando Guebuza, recebeu hoje, em Maputo, o multimilionário sudanês Mo Ibrahim, presidente da Fundação com o mesmo, que se encontra de visita à Moçambique. Na sua deslocação ao pais, Ibrahim faz-se acompanhar por membros de várias agências de assistência ao desenvolvimento, entre os quais se destaca o antigo chefe do gabinete do Presidente norte-americano, George Bush, e do cantor irlandês da banda musical U2, Paul David Hewson, mais popularmente conhecido como Bono.
Falando a imprensa momentos após o encontro, Mo Ibrahim explicou ter mantido discussões com o Presidente Guebuza sobre o rumo actual de Moçambique. Nós discutimos de onde Moçambique vem e para onde vai. Quando os portugueses abandonaram o país não havia nada aqui, não havia mecânicos, não havia motoristas de táxi, em suma não havia ninguém formado, mas hoje as coisas já mudaram, disse Ibrahim.
Além disso, também estamos muito orgulhosos pelo facto deste país ter produzido o primeiro vencedor da nossa Fundação, acrescentou Ibrahim, referindo-se ao antigo Presidente moçambicano, Joaquim Chissano. Na ocasião, Ibrahim manifestou a sua satisfação com os enormes progressos registados em Moçambique. Por isso, disse Ibrahim, pedimos a vocês os moçambicanos a encarar o desenvolvimento com muita seriedade e quando eu regressar vou convidar os meus amigos e dizer que vale a pena investir em Moçambique.
Tomando a palavra, Bono disse que Moçambique faz parte de um grupo de países escalados por esta delegação, que nesta sua digressão por Africa já visitou o Senegal e Gana. Refira-se que Bono também se tornou num símbolo na luta contra a pobreza em Africa, ajudando as pessoas carenciadas a saírem da miséria. Sobre Moçambique, Bono disse ser um país que promete muito e pelo qual se bateu para o cancelamento da divida externa. Eu também lutei pelo cancelamento da dívida externa de Moçambique, que culminou com o perdão de 7,5 biliões de dólares, disse Bono.
Segundo Bono, ele também esteve envolvido numa campanha, com o antigo Presidente norte-americano George Bush, e outras organizações internacionais, incluindo o Fundo Global, para a angariação de medicamentos para o combate ao SIDA em Moçambique. Bono também fez referência a outras iniciativas, incluindo a campanha para o lançamento em Moçambique do Millennium Challenge Account, dos quais o país beneficiou de um montante de pouco mais de 500 milhões de dólares concedidos pelos EUA.
Contudo, Bono fez questão de advertir as autoridades moçambicanas para que esta soma seja aplicada de um forma sensata, porque mais tarde o Congresso dos EUA vai querer saber como e que o dinheiro foi usado. Bono disse ter ficado muito impressionado com a figura do Presidente Guebuza, realçando o seu espírito empresarial. O Presidente (Guebuza) é um homem impressionante, um homem de negócios, que e aquilo que vocês precisam no vosso país, disse Bono. Através das palavras de Bono, também ficou bem patente que Guebuza recusa a obedecer cegamente as políticas impostas pelos doadores e parceiros de cooperação.
O Presidente Guebuza disse que quer trabalhar em parceria, mas recusa a aceitar que a assistência oficial para o desenvolvimento seja usada como forma de pressionar Moçambique. Nós aceitamos a sua posição, mas tem que haver uma prestação de contas nesta nova relação e provar-se que o dinheiro está a ser aplicado de uma forma sensata, disse Bono.
A Fundação Mo Ibrahim é uma iniciativa africana criada para promover o debate sobre boa governação na África Sub-sahariana e no resto do mundo, criar critérios para os cidadãos responsabilizarem os seus governos, reconhecer os progressos realizados na liderança africana e fornecer uma forma prática pela qual os líderes possam legar uma herança positiva ao seu continente, depois de deixarem os seus cargos, apoiar futuros líderes do continente africano.
O Prémio Ibrahim reconhece e premeia a excelência na liderança africana. O prémio é atribuído a um ex-Chefe de Estado de um governo africano eleito democraticamente, que tenha cumprido o seu mandato constitucionalmente definido e cessado funções nos últimos três anos. O Prémio Ibrahim consiste em 5 milhões de dólares, entregues ao longo de 10 anos, e mais 200.000 dólares por ano, até ao fim da vida. Trata-se do maior prémio atribuído anualmente em todo o mundo.
A Fundação pondera conceder mais 200.000 dólares por ano, durante dez anos, para actividades de interesse público e boas causas que o vencedor deseje abraçar. Os primeiros dois laureados com o Prémio Ibrahim são os antigos estadistas Joaquim Chissano, de Moçambique, e Festus Mogae, do Botswana.