O presidente moçambicano, Armando Guebuza chegou hoje a Genebra, Suiça, onde juntamente com mais oito estadistas, vai participar na 98/ a sessão Tripartida da Conferencia Internacional do Trabalho (OIT), que tem como principal agenda esboçar uma estratégia comum para a crise financeira que abala o mundo.
Para além do estadista moçambicano, já se encontram em Genebra, os presidentes Lula da Silva, do Brasil, Lech Kaczynski, da Polónia, Nicolas Sarkozy, da França, Faure Essozimna Gnassingbé, do Togo, Tarja Halonen, da Finlândia, Cristina Fernandez de Kirchner, da Argentina, bem como os primeiros-ministros Tertius Zongo, do Burquina- Faso, e Bruce Golding da Jamaica.
Alem destes estadistas, a Conferencia da OIT conta com a presença de cerca de quatro mil representantes de vários outros países, que desde o dia 3 do corrente mês se encontram reunidos em Genebra para desenhar estratégias destinadas a evitar que a presente crise financeira culmine com um despedimento massivo de trabalhadores em todo o mundo, algo que poderá acontecer caso não sejam tomadas medidas urgentes, devido à falência, em série, de grandes empresas que até aqui os empregavam.
A vinda destes estadistas, que vão participar numa sessão especial de três dias, com início na segundafeira, foi precipitada pela prevalência de factos apontando que se não for adoptada uma estratégia comum para inverter a tendência actual, o mundo poderá somar entre 29 a 59 milhões de mais desempregados ao longo deste ano de 2009. Se isso ocorrer, haverá entre 210 a 239 milhões de desempregados em todo o globo.
Estes números são estimados em função das empresas que estão a braços com grandes dificuldades financeiras, que derivam da presente crise financeira que abala o mundo desde Agosto de 2008. A mesma começou como uma crise financeira, mas que agora se faz sentir também no mercado do trabalho pela queda de investimentos e poder de compra, e que neste caso tem estado a levar tais empreendimentos a fecharem as portas, ou pelo menos a reduzir drasticamente a sua produção e, consequentemente, o número de trabalhadores.
O que mais preocupa as lideranças destes e de outros países, há cerca de um ano, antes da eclosão desta crise, já havia no mundo inteiro mais de 1,2 biliões de pessoas com empregos vulneráveis, dos quais mais de 620 milhões com rendimentos inferiores a 1,25 dólares por dia. Para os responsáveis pela OIT, uma das estratégias que podem evitar o colapso de mais empresas e o lançamento de dezenas de milhões de pessoas ao desemprego, é a adopção de uma acção e colaboração concertada entre as lideranças políticas e os empregadores, bem como entre estes e os sindicatos.
É pois, no quadro desta visão tripartida que a OIT fez questão de convidar para esta sessão especial, que terá lugar entre 15 e 17 deste mês, estes estadistas, acompanhados por representantes dos empregadores e sindicalistas. No caso de Moçambique, estarão na sala de sessões os responsáveis da CTA e da OTM, juntamente com a delegação do executivo moçambicano que será liderada pelo presidente Guebuza.
Segundo o programa distribuído à imprensa pela OIT, todos os nove estadistas deverão discursar na plenária. O presidente Guebuza deverá ser o terceiro a falar, a seguir aos seus homólogos da Polónia e da Finlândia. Depois de Guebuza, segue-se Lula da Silva, Sarkozy, e finalmente Golding.
Um dos efeitos nefastos desta crise é o facto de estar a inibir o crescimento económico, tanto através da redução da produção nas unidades já existentes, bem como por via do cancelamento de vários outros empreendimentos já projectados em vários países, incluindo Moçambique e outros países da região da Comunidade de Desenvolvimento da Africa Austral (SADC). Na visão dos peritos da OIT e outros especialistas que fizeram estudos encomendados por esta organização fundada há 90 anos, os governos deverão continuar a resgatar as empresas que entram na falência, como mais injecções financeiras, para evitar o aumento do numero de desempregados.
Nos países ocidentais, o pacote de resgate das empresas na falência já perfaz mais de um trilião de dólares que foram gastos para evitar o colapso de alguns gigantes como a General Motors