O estadista moçambicano e Presidente da Troika do Órgão para Politica, Defesa e Segurança da Comunidade de Desenvolvimento da Africa Austral (SADC), Armando Guebuza, acredita no sucesso da estratégia concebida para ajudar o Lesotho a ultrapassar a crise política que se encontra mergulhado.
“Temos uma estratégia e precisamos de testá-la. Mas acredito que, a mesma, vai contribuir na solução dos problemas deste país irmão”, sublinhou Guebuza, falando na terça-feira, em Maseru, minutos antes de partir de regresso à Maputo, no término da cimeira da Troika do Órgão sobre a crise pós – eleitoral naquele reino. Guebuza disse entender a impaciência dos cidadãos daquele país face aos problemas que os afligem, frisando que “este é o caminho que existe e é o único que neste momento encontramos para atacar o problema.
Claro que os nossos irmãos estão impacientes. Isso é óbvio. E nós compreendemos isso, pois quem está impaciente não tem tempo para analisar processos”. A impaciência dos suthos ficou patente, Segunda-feira a noite, quando um grupo de membros do maior partido da oposição, o Partido “ Convenção de Todos os Basothos (ABC)”, de Thomas Thabane, se fez presente na sala onde decorreu a conferência de imprensa que marcou o final da Cimeira da Troika do Órgão para a crise política no Lesotho.
Alguns dos membros deste partido fizeram-se passar por jornalistas para questionarem a mesa constituída pelo Presidente da Troika, Armando Guebuza, o Rei Mswati III da Swazilândia, na qualidade de Presidente cessante da Troika, e o Secretário Executivo da SADC, Tomas Salomão. Alguns dos membros da ABC chegaram a pedir a imposição imediata de sanções contra o Governo do Primeiro-Ministro, Pakalitha Masisili, a sua suspensão da SADC, entre outras medidas, alegando que o partido de Mosisili é o epicentro da crise que assola o pequeno reino.
A Troika decidiu que o Conselho Cristão do Lesotho (CCL), apoiado pela equipa de facilitadores da SADC, deverá reunir-se com as partes envolvidas no diálogo político do Lesotho, num processo inclusivo e participativo, para acordar sobre um roteiro comportando os principais pontos de discórdia e a forma para sua resolução, bem como a elaboração de um calendário para a revisão da constituição e da lei eleitoral. Ficou ainda decidido que o roteiro devera ser entregue a Guebuza, na qualidade de Presidente da Troika, ate finais de Março próximo.
Para os membros da oposição, principalmente do ABC, este é alegadamente mais um exercício que não trará nada enquanto o governo do actual Primeiro-Ministro sutho continuar no poder. “Nós como Troika não trazemos respostas para este problema. Elas (as respostas) virão dos próprios cidadãos deste país.
Nós viemos dar o apoio e encorajamento para que eles próprios encontrem as devidas respostas”, explicou o estadista moçambicano. . Segundo Guebuza, a impaciência dos cidadãos deste país vem já desde há muito tempo. O facto da Troika ter trabalhado no Lesotho, mostra claramente a preocupação da SADC em acabar com a tensão nesta parcela da região”.
Guebuza indicou ainda que resolver este mesmo problema vai levar o seu tempo, para além de consumir esforços dos próprios intervenientes. “Isto é como a comida, que para aparecer no prato tem de ser confeccionada”, disse Guebuza, falando em conferência de imprensa a jornalistas moçambicanos que acompanharam a Cimeira de Maseru.
Quanto a mediação do CCL, Guebuza disse que esta é uma autoridade moral e importante no país. Cerca de 90 por cento da população do Lesotho é cristã, razão pela qual Guebuza acredita que esta organização pode muito bem ajudar na busca de uma solução para o Lesotho. Comentando sobre o modelo de eleição de deputados designado de “representação proporcional misto”, Guebuza disse que o mesmo foi decidido pelos próprios suthos.
“Não é a primeira vez que o Lesotho usa este sistema nas eleições. Agora temos é que entender se será ou não este sistema que traz problemas ou uma outra razão qualquer. Nisto temos que compreender que não é uma pessoa sozinha que vai dizer que este é o erro.
O entendimento deve ser partilhado por todos os suthos”, frisou o estadista moçambicano. A oposição do Lesotho acusa o partido de Mosisili de ter-se aproveitado deste modelo de eleição para se apoderar de 21 assentos destinados a oposição.