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Gritos de mulheres e crianças enterradas vivas atormentam refugiados no Iraque

O refugiado Samo Ilyas Ali tem nove filhos para alimentar, mas não consegue pensar no futuro porque os gritos de mulheres e crianças apelando por ajuda enquanto são enterradas vivas por militantes do Estado Islâmico no norte do Iraque assolam a sua mente.

Dezenas de milhares da minoria yazidi fugiram da sua terra natal em Sinjar e outros vilarejos para escapar do avanço acelerado dos islâmicos sunitas, que veem o grupo étnico como adorador do diabo que precisam escolher entre adoptar a sua versão radical do islamismo ou morrer.

Os refugiados ficam à toa nos campos da região curda semiautônoma no norte iraquiano. Traumatizados pelos militantes do Estado Islâmico, notórios pelas suas decapitações e execuções em massa, eles simplesmente desistiram de viver no Iraque e desejam afastar-se o máximo possível para países como a Alemanha, a um mundo de distância dos seus misteriosos costumes.

Os ataques aéreos dos Estados Unidos contra posições do Estado Islâmico e as promessas dos comandantes curdos de recapturar os vilarejos dos yazidis não reconfortaram ninguém e é fácil entender o por quê. Dez dias atrás, Ali e seus vizinhos foram cercados à noite subitamente pelos militantes com metralhadoras. Eles tinham barbas longas. Alguns usavam máscaras e inscrições em árabe nas laterais da cabeça.

Os curdos peshmerga, ou “aqueles que confrontam a morte”, estavam ausentes, preservando partes do norte e vistos como a única força capaz de fazer frente ao Estado Islâmico depois de milhares de soldados iraquianos treinados pelos EUA terem fugido diante da sua ofensiva, deixando para trás armamentos que incluem tanques. De repente, os homens começaram a cavar valas, que logo se tornariam túmulos colectivos.

“Não entendemos. Aí começaram a colocar pessoas nos buracos, e elas estavam vivas”, relatou Ali, de 46 anos, a parar para chorar. “Depois de algum tempo ouvimos disparos. Não esqueço a cena. Mulheres, crianças, a chorarem e a pedirem ajuda. Tivemos que correr para salvar a vida, não havia nada a fazer por eles.”

Alguns yazidis escaparam com o auxílio de combatentes turcos e sírios, mas cenas semelhantes foram relatadas em várias partes do norte do país. Muitos yazidis perderam a fé no Iraque e os seus líderes.

Alguns queixaram-se de que as forças curdas não iriam deixá-los viajar à Turquia. Não está claro se as forças do governo iraquiano ou os peshmerga conseguirão recuperar territórios e mantê-los, o que ajudaria os yazidis a voltar a acreditar no país.

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