A Grécia prometeu esta segunda-feira anunciar novas medidas de redução de gastos quando concluir as atuais negociações com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI) para obter a ajuda financeira solicitada, num momento em que seus títulos públicos continuam sofrendo a pressão dos mercados e os presidentes da zona do euro procuram demonstrar consenso.
O ministro grego das Finanças, Giorgos Papaconstantinou, afirmou em Atenas que existe “uma posição comum, simples: a Grécia deve reduzir drasticamente seus déficits nos próximos anos, controlar sua dívida e fazer ajustes estruturais para tornar sua economia mais competitiva”.
A redução do déficit público “é uma direção com a qual nos comprometemos e que se traduzirá em medidas e políticas concretas, que serão anunciadas quando o processo de negociação com a UE, o FMI e o Banco Central Europeu (BCE) for concluído”, completou o ministro. Até agora, a Grécia já fixou como objetivo para este ano reduzir seu déficit fiscal para 8,7% do PIB. A tarefa é colossal, já que em 2009 foi de 13,6%.
A Grécia solicitou na sexta-feira ativar o mecanismo de ajuda do FMI e da UE, por três anos e que em 2010 subirá para 45 bilhões de euros (60 bilhões de dólares). Atualmente, o governo negocia medidas suplementares de redução de gastos para 2011 e 2012, condição indispensável para que o pedido seja atendido. O desbloqueio da ajuda é cada vez mais urgente, já que em 19 de maio o Tesouro grego terá de pagar uma dívida de 8,5 bilhões de euros.
Diante do Parlamento, o ministro Papaconstantinou qualificou a data de “crítica”, com o país tendo de pagar dívidas em torno de 9 bilhões de euros. “Até então, nossas necessidades de financiamento estão garantidas, mas as condições dos mercados, todo mundo sabe, são proibitivas” para realizar empréstimos, completou.
Outro elemento de pressão é a contínua alta do rendimento dos títulos de dívida gregos a 10 anos, que nesta segunda-feira bateram um novo recorde histórico, chegando a 9,385% (frente a 8,680% da sexta-feira à noite). Os títulos a dois anos dispararam acima dos 12,85%. Em meio a uma crise sem precedentes que coloca em xeque a governança da zona do euro, diversos líderes europeus tentaram nesta segunda-feira dar demonstrações de consenso, depois que surgiu uma polêmica entre Alemanha e Itália.
O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, defenderam “uma ação rápida e resoluta contra a especulação em relação à Grécia, para assegurar a estabilidade da zona do euro”. Pouco depois, a chanceler alemã, Angela Merkel, que a todo momento mostrou-se exigente com o governo grego, declarou que tem “confiança” nas negociações que o país mantém, atualmente, em Atenas, com o FMI, a União Europeia e o BCE para estabelecer medidas de rigor fiscal em 2011 e 2012.
As declarações de Merkel acalmaram as tensões criadas pela manhã após as declarações de seu ministro de Relações Exteriores, Guido Westerwelle. O ministro repetiu a posição oficial alemã, de que seu país não ajudará financeiramente Atenas sem contar antes com um programa “crível” de redução do déficit grego; seu homólogo italiano, Franco Frattini, chegou a afirmar ser uma postura muito “rígida” que preocupava Roma.
Paralelamente, ocorriam na Grécia novas manifestações contra as medidas de rigor orçamentário já colocadas em andamento pelo governo. Nesta segunda-feira, os pilotos da Força Aérea grega negaram-se a realizar missões que não fossem de emergência em protesto contra as reduções salariais. Os funcionários do principal porto do país também declararam greve contra a decisão do governo de abrir o setor à competição estrangeira. A oposição de direita também não deixou a chance passar em branco, e acusou no domingo o governo de entregar a Grécia ao “controle sufocante” do Fundo.