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Graça Machel critica metas de formação de cientistas

presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC), Graça Machel, critica os planos do Governo moçambicano de formar apenas 6.500 cientistas até 2025 no quadro da estratégia do Executivo para o desenvolvimento do país.

Para Graça Machel, que falava segunda-feira, em Maputo, na Palestra Anual sobre Saúde Global promovido pela Fundação Manhiça, estas metas são “inapropriadas” e “inaceitáveis”, porque (só para dar exemplo) 6.500 cientistas é o que a África do Sul forma por ano. “Ter 6.500 cientistas até 2025 no país é pouco. Não se vai sair da pobreza se não se apostar na massa cinzenta dos jovens.

O Governo deve prestar especial atenção à formação de recursos humanos, portanto, tem que formar massivamente os seus quadros”, defendeu. Neste momento Moçambique conta com cerca de mil cientistas nas várias áreas de especialidade, um número considerado exíguo dados os desafios de busca de conhecimento para a erradicação da pobreza. “É possível ter recursos humanos a altura das necessidades do país. Mas o que falta é uma visão estratégica de formação de quadros.

Os números que prevemos até 2025 são totalmente inapropriados e inaceitáveis”, afirmou. Na ocasião, Graça Machel sublinhou que é altura de Moçambique começar a preocupar-se em desenhar políticas que visualizem o seu futuro. Para ela, é um bom começo que o país pense no combate a pobreza, mas neste momento o erro reside no facto de se ter um visão de curto prazo.

“Precisamos pensar no futuro. Por exemplo, é preciso verificar se o aluno que formamos hoje quando entrar para a actividade produtiva vai se comparar ao homem do mundo. Isto tem a ver com a forma como nós nos estruturamos desde a base até à sociedade do conhecimento”, referiu. Outra questão abordada por Graça Machel na palestra foi a fuga de cérebros, tendo proposto a atribuição de estímulos para que os quadros possam permanecer nas áreas académica e de investigação.

Ela deu exemplo de um jovem moçambicano que se encontra a estudar em Barcelona com quem se cruzou e a questionou: depois da formação quando regressar a Moçambique o que vou fazer, se não existem condições para continuar os trabalhos de investigação e pesquisa, como laboratórios. “Paralelamente a formação é preciso que as condições de trabalho e materiais sejam colocadas aos quadros.É um investimento que vai fazer o país sair da pobreza”, disse.

Graça Machel, viúva do primeiro Presidente de Moçambique independente (Samora Machel) e actual esposa do ex- Presidente sul-africano (Nelson Mandela), sugeriu igualmente a atribuição de incentivos às empresas moçambicanas para apostarem na investigação, tendo avançado que para o caso das multinacionais que operam no país devia haver alguma obrigatoriedade das mesmas fazerem investigação.

Desta forma, segundo explicou a presidente da FDC, os quadros moçambicanos seriam melhor aproveitados e o país produziria conhecimento comprovadamente válido. Para Graça Machel, o Centro de Investigação em Saúde da Manhiça é um exemplo de produção de conhecimento em Moçambique, cuja experiência deveria ser replicada pelo resto do país.

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