A activista moçambicana Graça Machel anunciou a atribuição de bolsas de estudos para raparigas e “senhoritas” inteligentes, mas pobres, de Moçambique para frequentarem cursos de mestrado e doutoramento em ciências básicas e tecnológicas nas “universidades do topo” a nível mundial.
Denominado Bolsa de Estudo Graça Machel, o projecto visa conceder anualmente três bolsas de estudo, com a duração de cinco anos, a raparigas e “senhoritas” moçambicanas, de modo a “ampliar a capacidade técnica e científica (das beneficiárias) em áreas que Moçambique tem falta”, disse.
“Quando fiz 60 anos decidi oferecer-me um presente: criar oportunidades para 60 raparigas (pobres) para terem a mesma oportunidade que eu tive na década de 60 quando beneficiei de uma bolsa de estudo”, justificou Graça Machel.
Programa existe há cinco anos
O programa começou há cinco anos e foi aberto para 60 raparigas da África Austral, nomeadamente de Angola, Botsuana, Malaui, Namíbia, África do Sul, Suazilândia, Zâmbia e Zimbabué.
Actualmente, as estudantes beneficiárias do programa frequentam cursos de pósgraduação em ciência e engenharias em universidades do Reino Unido e da África do Sul, mas, a partir do próximo ano, passarão a frequentar cursos também nos Estados Unidos, Singapura e Malásia.
A Fundação Graça Machel e a empresa de capitais sulafricanos de petróleos, Sasol, lançaram esta quarta-feira bolsas de estudo para raparigas moçambicanas “com origem na classe baixa” e que apresentem “bons resultados académicos”.
De acordo com Graça Machel, presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade, a extensão do programa para Moçambique resulta do facto de se ter verificado que “a grande maioria das beneficiárias eram de outros países”.
“A ideia é equilibrar as outras nacionalidades”, disse Graça Machel, assinalando que decidiu abraçar o projeto para “retribuir a ajuda” que recebeu, nos anos 60, para fazer o bacharelato em Filologia da Língua Alemã pela Universidade de Lisboa.