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Grã-Bretanha aprova primeira fertilização in vitro de “três pais” no mundo

A Grã-Bretanha tornou-se nesta terça-feira o primeiro país do mundo a permitir uma técnica de fertilização in vitro com “três pais”, o que segundo os médicos irá evitar algumas doenças hereditárias incuráveis, mas que os críticos veem como um passo rumo à criação de bebés por encomenda.

O tratamento é conhecido como fertilização in vitro com “três pais” porque os bebês, nascidos de embriões alterados geneticamente, terão DNA de uma mãe, um pai e uma doadora.

Ele foi concebido para ajudar famílias com doenças mitocondriais, problemas incuráveis herdados da mãe que afectam cerca de uma em cada 6.500 crianças em todo o planeta.

Depois de uma discussão acalorada de 90 minutos que alguns legisladores criticaram por ter sido muito curta para um tema tão sério, o parlamento votou a favor da técnica, chamada de doação mitocondrial, com o placar de 382 a 128.

A votação abre caminho para um avanço inédito na medicina da Grã-Bretanha, mas que é intensamente questionado por alguns grupos religiosos e outros críticos.

A técnica envolve uma intervenção no processo de fertilização para remover as mitocôndrias, que agem como pequenas pilhas geradoras de energia dentro das células e que, se defeituosas, podem causar problemas hereditários como doenças cardíacas fatais, falência renal, enfermidades cerebrais, cegueira e distrofia muscular.

O DNA mitocondrial fica separado do DNA encontrado no núcleo celular e não afeta características humanas como a cor do cabelo ou dos olhos, a aparência ou traços da personalidade.

“Da minha parte, garanto que não ficaria aqui para defender o conceito dos bebês por encomenda – escolher a a cor dos olhos e todo o resto. Trata-se puramente de lidar com estas doenças terríveis, realmente terríveis”, declarou o parlamentar trabalhista Andrew Miller, de oposição e presidente do comité de ciência e tecnologia do parlamento, durante o debate.

Instituições de caridade, grupos de ativistas e cientistas de todo o mundo exortaram a Grã-Bretanha a aprovar leis que permitam o tratamento, afirmando que para algumas famílias ele traz “uma centelha de esperança” de ter um filho que pode viver sem sofrimento.

Os legisladores tiveram permissão de votar livremente no tema, e o porta-voz do primeiro-ministro britânico, David Cameron, declarou que o líder votou a favor da técnica, acrescentando que “não se trata de brincar de Deus”.

As novas leis propostas para permitir que os tratamentos sejam realizados na Grã-Bretanha ainda têm que ser aprovadas na Câmara Alta, a qual comentaristas acreditam que irá endossar o apoio da legislatura.

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