O semanário Sunday Times reportou na sua edição do último fim-de-semana que o Presidente Jacob Zuma havia recebido um apelo para enviar tropas para a República Centro-Africana, pedido feito pelos seus pares da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC), na cimeira que teve lugar no Chade.
O jornal cita o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Clayson Monyela, a dizer que o Governo ponderava o aumento da sua presença militar naquele país. Os partidos da oposição apelaram ao Governo para que este submeta o assunto ao Parlamento para análise.
O Mail & Guardian reportou em Março último que interesses comerciais do ANC, Congresso Nacional Africano, na República Centro-Africana haviam ditado o envio de cerca de 200 homens. Esta alegação foi desmentida pelo ANC e também pelo Governo. O Movimento rebelde Seleka, integrante do actual Governo de Transição instaurado no país, viria a tomar Bangui e depor o Presidente François Bozizé.
Os combates travados para a tomada da capital ditaram a morte de 13 soldados sul-africanos. Na última semana, Jacob Zuma comunicou ao Parlamento a extensão, por mais um ano, do mandato das forças sul-africanas presentes no Sudão e na República Democrática do Congo.
Dois mil soldados
Os líderes regionais, reunidos em mais uma cimeira em Ndjamena, Tchad, decidiram o aumento do contingente militar presente na República Centro-Africana para dois mil soldados com o mandato de restaurar a ordem, numa altura em que crescem relatos de violências levadas a cabo pelos militantes do Movimento Seleka contra a população.
Depois da cimeira do Chade, em comunicado, a Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC) defendeu que esta força iria apoiar o Governo de Transição na segurança e na reestruturação das forças armadas do país.
Entretanto, a informação nada diz acerca da data prevista para o envio das tropas, que irão quadruplicar as forças militares presentes no país, estimadas em 500 soldados provenientes do Gabão, e igual número proveniente dos Camarões, Congo Brazaville e Chade. A CEEAC defendeu ainda a necessidade de um apoio financeiro ao país que atravessa um período pós-golpe.
“O Conselho de Transição instaurado não possui fundos para o seu funcionamento”, defendeu o Presidente anfitrião, Idriss Déby, tendo adiantado que os parceiros e aliados do país deveriam urgentemente contribuir financeiramente para o apoio das autoridades de transição.
Déby havia afirmado na última quinta-feira que a actual força de manutenção de paz presente no local era insuficiente para o cumprimento efectivo do seu mandato. Entretanto, o Presidente interino da República Centro-Africana, o líder do movimento Seleka, Michel Djotodia, não se fez presente na cimeira. A sua ausência deveu-se à falta de fundos no país, que é rico em recursos minerais, com destaque para os diamantes, bens que não são transformados em riqueza.
“Nós tomámos recentemente o poder e as dificuldades são numerosas. Os cofres do Estado estão vazios. O Ministério das Finanças está ainda a tentar pagar os salários do mês passado aos funcionários públicos”, afirmou, de Bangui, o Presidente interino Michel Djotodia.
“Não temos nada. Os recursos tornam-se importantes quando são explorados”, acrescentou o novo homem forte de Bangui, tendo convidado os seus pares da África Central a lutarem pelo desenvolvimento da República Centro-Africana.
Um grupo de parceiros deste país irá reunir-se nos dias 2 e 3 de Maio próximo em Congo Brazzaville para procurar formas de prestar o seu apoio às autoridades de transição, segundo o comunicado assinado pelos líderes presentes na Cimeira de Ndjamena.