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Governo indiano sob pressão para reagir a ataques maoístas

O descarrilamento de um comboio na sexta-feira, atribuído a uma sabotagem maoísta, deixou em posição delicada o Governo indiano, que está sob pressão para envolver o Exército na luta contra os guerrilheiros de extrema esquerda, consideram os analistas este sábado. As autoridades federais foram criticadas com severidade por seu combate à insurreição muito antes de um trem lotado de passageiros descarrilar na sexta-feira próximo a um bastião maoísta no Estado de Bengala Ocidental (leste), deixando mais de 115 mortos e mais de 200 feridos.

“O registro é no momento de 115 mortos com a descoberta de novos corpos”, declarou à AFP o inspetor geral da Polícia de Bengala Ocidental, Surajit Kar Purakayastha O número de mortos poderá chegar a 150, segundo socorristas. Uma série de ataques sangrentos desde o início deste ano obrigou o Governo a revisar sua estratégia de contra-ataque.

O ministro do Interior, P. Chidambaram, declarou recentemente que queria ver a sua autoridade reforçada para lutar contra a ameaça maoísta. Até agora, o Governo resistiu às pressões para que mobilize o Exército, com o argumento de que a Polícia e as forças paramilitares são capazes de retirar os insurgentes de suas fortalezas escondidas na selva. “A pedra angular da democracia indiana foi não utilizar o Exército contra seu próprio povo”, considera Mallika Joseph, especialista da rebelião maoísta no Instituto de Estudos sobre a Paz e os Conflitos em Nova Délhi. “Mas um clamor crescente exige o envolvimento do Exército e o Governo estará sob pressão para escolher uma estratégia mais agressiva”, considera.

“Isto significa que todas as iniciativas de desenvolvimento social em curso poderão ser relegadas a segundo plano”, acrescenta. A rebelião, que começou como um movimento camponês em 1967, estendeu-se para 20 dos 29 Estados da União, em particular ao longo de um “corredor vermelho” que cobre Jharkhand, Bengala Ocidental, Orissa, Bihar, Chhattisgarh e Andhra Pradesh.

Estes insurgentes, estimados entre 10.000 e 20.000, dizem lutar em defesa dos camponeses e das tribos. Controlam sobretudo regiões rurais que não se beneficiaram do desenvolvimento econômico da Índia. O Governo de centro-esquerda dirigido pelo Partido do Congresso gastou 661 bilhões de rúpias (14,6 bilhões de dólares) do orçamento deste ano em desenvolvimento rural, com a esperança de enfraquecer o apoio das populações mais pobres aos maoístas.

Paralelamente, para tentar retirá-los de seus bastiões, o Governo lançou este outono boreal (hemisfério norte) uma operação em seis Estados com 56.000 membros das forças paramilitares apoiadas pela Polícia local.

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