Iniciou este sábado (15) em Moçambique a campanha de comercialização de algodão caroço, com uma meta fixada em 100 mil toneladas, contra as 184 mil conseguidas na safra passada. Os preços deste ano variam entre 11,25 meticais para o algodão de primeira e 8, 25 meticais para o de segunda, representando um modesto crescimento na casa dos 7,14 e 13,13 porcento em relação aos preços da campanha anterior.
O Director do Instituto do Algodão de Moçambique, Norberto Mahalambe explicou ao jornal Notícias que a redução da produção, em cerca de 46 porcento da campanha passada para a presente, não é preocupante, porque está acima das previsões de longo termo, fixadas em 92 mil toneladas de algodão caroço.
“Estamos a vir de uma produção de 41 mil toneladas, em 2010, depois subimos para 65 mil, no ano passado atingimos 184 mil e agora voltamos a 100 mil. Mesmo assim, a produção se mantém acima da nossa projecção de longo termo, no âmbito do sub-programa da revitalização da cadeia de valor do algodão”, frisou Mahalambe.
No ano passado, vários factores, com destaque para os de natureza climática, contribuíram para um rendimento na ordem de 900 quilos por hectare, ou seja, ligeiramente acima da média da região, exceptuando o Zimbabwe que consegue mil quilos por hectare.
“O desafio que se nos coloca é manter este nível de produtividade, o que passa por continuar a prover semente melhorada, certificada e tratada e aperfeiçoar a assistência técnica aos produtores”, referiu Norberto Mahalambe.
A super-produção registada na campanha passada colheu de surpresa quer os camponeses, quer as empresas de fomento que se viram incapazes de assegurar toda a logística necessária para a compra e transporte de algodão em tempo útil. Houve também problemas de armazenamento e de capacidade de descaroçamento.
Para garantir que os camponeses não saíssem a perder, por consenso foi decidido que todo o algodão comprado depois de 31 de Outubro devia ser classificado como sendo de primeira. Os camponeses não ficaram prejudicados, mas estima-se que1600 toneladas de algodão se tenham perdido nas fábricas por terem ficado expostas à humidade, para além de outras quantidades que queimaram em Ribauè.
Entretanto, Norberto Mahalambe assegura que a desorganização verificada no ano passado não se vai repetir na campanha que hoje começa, porque foi feito um trabalho de fundo com o sector da agricultura, empresas de fomento e instituições públicas que providenciam serviços ao sector do algodão.
“No sector da agricultura aprimoramos a constituição das brigadas de comercialização. No ano passado as brigadas eram poucas para responder às necessidades reais”, disse.
Do ponto de vista de escoamento as empresas, reconhecendo a lenta resposta do sector, fizeram algum investimento próprio, tendo no seu conjunto comprado equipamento de transporte na casa de 600 mil dólares norte-americanos para pelo menos assegurar o escoamento do algodão das zonas de produção para as fabricas de descaroçamento.
Ao nível fabril há investimento no aumento da capacidade de armazenamento, incluindo a construção de eiras lonas gigantes para proteger o algodão e actualização da tecnologia. Na campanha anterior estiveram envolvidas 298 mil, ou seja, quase de 300 mil famílias. Na presente safra o número baixou para 250 mil famílias.