O ataque ocorrido na sexta-feira (25) passada na Estrada Nacional número seis (EN6), em Zimpinga, no distrito de Gondola, província de Manica, atribuído ao partido Renamo pelo Governo e pelas suas forças militares, tem condimentos bastantes para cair no esquecimento sem nenhuma explicação e/ou esclarecimento óbvio aos moçambicanos, à semelhança de tantos outros que o antecederam. Por um lado, o Governo e a Polícia da República de Moçambique (PRM) têm informações dissonantes sobre o mesmo acontecimento e, por outro, as autoridades policiais não só “gaguejam” quando falam do assunto, como também atiram as responsabilidades para a “Perdiz”; procuram, a todo o custo, passar uma boa imagem das Forças de Defesa Segurança (FDS) e ilibá-las de um possível culpa por pela morte de dezenas de militares, um civil e ferimento uma criança de um aonde idade, para além de danos materiais avultados.
A Polícia, que diz estar a investigar o caso, acredita, de forma cega, que tenha sido algum elemento da caravana da comitiva do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, que atirou mortalmente contra um civil que era condutor de um minibus de transporte semicolectivo de passageiros, mas morde a língua quando tenta explicar como as FDS apareceram no local e trocaram tiros com os guerrilheiros do antigo movimento rebelde em Moçambique.
Aliás Mouzinho Saíde, porta-voz do Conselho de Ministros, corroborou, na terça-feira (29) a tese da PRM e afirmou que para o Governo os “homens armados da Renamo atacaram uma viatura de transporte semicoletivo de passageiros, que fazia o trajecto Inchope-Cidade de Chimoio, tendo alvejado mortalmente o seu motorista”.
Por sua vez, o porta-voz do Comando-Geral da Polícia, Inácio Dinas, disse que foi aberto um processo-crime de homicídio qualificado e a responsabilização inclui o líder da Renamo – ora novamente em parte incerta – como uma das pessoas que integravam a caravana.
Segundo o agente da Lei e Ordem, ainda contra a “Perdiz” um outro processo foi instaurado relativamente ao acidente de viação do tipo choque entre veículos, em que “uma das viaturas da comitiva do líder da Renamo embateu contra um camião”.
Contudo, enquanto a Polícia confirma ter havido 21 mortos, dos quais o motorista do minibus e 20 da caravana da Renamo, para além de seis feridos ligeiros, parte dos quais já tiveram alta médica, oito carros incendiados supostamente por populares enfurecidos cujos ânimos foram amainados pela própria corporação, Mouzinho Saíde afirmou que naquela emboscada morreram 24 indivíduos, nomeadamente 23 militares da Renamo e um civil.
Por sua vez, o Presidente da República, Filipe Nyusi disse nos Estados Unidos da América, num encontro com os académicos da Universidade da Columbia, que o que Dhlakama “quer está acima da lei, e infringe a Constituição da República que “jurei respeitar”, pelo que não pode consentir que seja violada sem o consentimento dos moçambicanos. “Estamos a privilegiar o diálogo (…)”.