O Governo moçambicano prevê lançar nos próximos dois meses um novo concurso público internacional para a exploração das areias pesadas do Chibuto, província de Gaza, Sul, um ano após o fim da concessão à empresa BHP Billiton.
Durante vários anos, o projecto de exploração das areias pesadas do Chibuto, consideradas a maior reserva conhecida no mundo, esteve a cargo da australiana Corridor Sands, companhia adquirida mais tarde pela BHP Billiton. As actividades de empreendimento da BHP Billiton no Chibuto, a maior empresa de mineração a nível mundial e que detém também a fábrica de fundição de alumínio MOZAL, deveriam começar em 2012. Em 2009, porém, num contexto de crise económica mundial, a BHP Billiton anunciou que o investimento na extracção de minérios de titânio no Chibuto era “inviável naquele momento” e alegou ainda indisponibilidade tecnológica para continuar o projecto.
A companhia solicitou então ao Governo moçambicano dois anos para desenvolver tecnologias adequadas à exploração e processamento das areias que, segundo os ensaios, possuíam teor de crómio, o que exigia um outro tipo de tecnologia que não a usada pela empresa. Considerando excessivo o tempo solicitado pela BHP Billiton, o Governo cancelou a concessão e decidiu procurar novos investidores para o projecto. De acordo com o director nacional de Minas, Eduardo Alexandre, as autoridades estão a preparar um novo concurso público, que deverá ser lançado nos próximos 60 dias.
Eduardo Alexandre não adiantou mais detalhes sobre o concurso, mas confirmou a existência de crómio nas areias pesadas do Chibuto, com base numa consultoria solicitada pelo Governo. Ainda segundo o director nacional de Minas, o concurso representa “uma nova janela de esperança para a viabilização de um projecto que se acredita poder vir a impulsionar o desenvolvimento socioeconómico daquela região do país e não só”. Já há cerca de um ano, durante a presidência aberta em Gaza, o Presidente moçambicano, Armando Guebuza, pediu calma à população do Chibuto e afirmou que o Governo iria “continuar a trabalhar” para resolver o “problema” do abandono do projecto de prospecção de areias pesadas.
Com o projecto avaliado em mais de mil milhões de dólares (716 milhões de euros), as autoridades esperavam empregar, na fase de construção, 1750 trabalhadores moçambicanos e, na fase de elaboração, em 2012, criar 450 postos de trabalho para cidadãos nacionais.