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Gorongosa espera receber cerca de 5.000 turistas este ano

O Parque Nacional da Gorongosa (PNG), na província Central de Sofala, espera receber neste ano (2009) entre 4.500 e 5.000 turistas, contra 3.842 digressionistas de diferentes nacionalidades que visitaram a área de conservação ano passado.

O PNG chegou a registar um número recorde de 22 mil turistas nos anos 70, segundo um comunicado daquela área de conservação recebido este fim de semana pela AIM. O crescimento do numero de turistas ocorre numa altura em que o volume médio anual de investimentos aprovados no sector do turismo em Moçambique, entre os anos de 2005 e 2008, foi de cerca de 600 milhões de dólares EUA.

Segundo o ministro do Turismo, Fernando Sumbana, as receitas do turismo internacional cresceram de 129 milhões de dólares em 2005, para 185 milhões em 2008. Sumbana sublinhou recentemente, falando no parlamento moçambicano, a Assembleia da Republica, que o pico do investimento foi alcançado no ano de 2007, ao se atingir 977 milhões de dólares.

A época turística no PNG abriu no dia 30 de Abril passado, terminado que foi o período de defeso de cerca de quatro meses, na sequência das últimas enxurradas que inundaram parte da rede das picadas que permitem a realização de safaris. “O Parque está novamente de portas abertas aos turistas nacionais e estrangeiros para fazerem game drives, passando demoradas horas do dia em aliciantes aventuras de safari na visualização das belas paisagens dos mais de 54 ecossistemas diferentes, num passeio em que é possível observar a fauna autóctone, nomeadamente elefantes, leões, hipopótamos, crocodilos, cudos, impalas, pala-palas, entre outros animais, bem como espécies de aves exóticas de extravagante beleza”, acrescenta o comunicado.

O passeio pela zona bravia é suspenso geralmente, entre Dezembro e Abril do ano seguinte, uma vez que este período coincide com a estação chuvosa e os tandos ficam alagados, com níveis de água que aproximam os dois metros em algumas zonas. No entanto, em todos os anos, a anteceder a abertura oficial da actividade turística do PNG, é hábito efectuar uma cerimónia tradicional, designada localmente por “ntsembe” no Chitengo, em homenagem ao espírito do Chitengo que se acredita, segundo relatos orais locais, que tenha sido o primeiro habitante a se estabelecer nesta região há muito, desertando dos guerreiros de Ngungunhane.

De acordo com as mesmas fontes este homem, tido como um dos valentes ex-capitães do prazeiro Manuel António de Sousa, e que mais tarde participou na revolta de Bárwè, em Manica, ao lado de Macombe, era um omnipotente mágico e durante os combates podia transformar-se, por exemplo, em termiteira, numa perdiz e outras formas naturais. Poder este, hipoteticamente, que o fez transformar em leão branco depois da sua morte.

De acordo com o director do Departamento do Desenvolvimento Humano do PNG, “ntsembe” é destinado a evocar o espírito do “hospedeiro” Chitengo para dar a sua bênção a fim de prosperar a actividade turística da época e, sobretudo, pedir a protecção para os trabalhadores e visitantes do Parque em relação à fauna bravia e a outros eventos de carácter sobrenatural que fazem parte dos mitos locais. Por outro lado, Mateus Mutemba, explicou que o cerimonial que acontece nesta época em todos os anos visa, também, criar um momento de confraternização e reforço dos vínculos entre todos os parceiros ligados à vida do PNG, nomeadamente autoridades tradicionais, como forma de reconhecimento da sua importante cooperação em diversas matérias, principalmente, na conservação do ecossistema deste.

Por seu turno, o director do Departamento de Conservação do PNG, Carlos Lopes, apelou a uma maior colaboração das estruturas tradicionais e da comunidade em geral na “dura batalha” de luta contra a caça furtiva e as queimadas descontroladas dentro da área de conservação. “No geral, os régulos têm uma voz de ordem e gozam de uma extrema aceitação e reputação ao nível das respectivas áreas de jurisdição, por isso vos pedimos para que continuem a promover a educação ambiental e a colaborarem com os fiscais de modo que as pessoas conservem animais e árvores do Parque”, enfatizou.

Lopes destacou igualmente os parceiros de cooperação, nomeadamente a Fundação Carr, o IPAD (Instituto Portugues de Apoio ao Desenvolvimeento), a USAID (norteamericana) e as administrações distritais à volta da Zona do Desenvolvimento do Parque que tudo têm feito na restauração das infra-estruturas e na recuperação da vida selvagem do Parque.

Já o co-administrador do Comité de Supervisão do PNG pela parte moçambicana, Bernardo Beca Jofrisse, disse que a realização de “ntsembe” reforça a ligação entre o Parque e as comunidades vizinhas e representa também a valorização da cultura e o reconhecimento do papel das lideranças locais na mobilização das populações para a conservação dos recursos naturais e do PNG em particular. “Este acto, é também o momento de pedir aos antepassados que abençoem os trabalhadores do PNG, os seus visitantes e que ajudem para que esta época turística seja cheia de êxitos”, disse.

A cerimónia orientada pelo João Chitengo, família do Chitengo, na árvore sagrada de nome “Mutondo”, no Acampamento do Chitengo, área principal de campismo e alojamento para safaris do PNG, construído em 1941, contou com a presença de alguns régulos da Zona do Desenvolvimento Sustentável do Parque, nomeadamente Nguinha, Nhanguo, Tambarara e Chicare. O historico santuário ecológico da Gorongosa, já notícia destacada nos quatro cantos do mundo, mereceu importantes páginas na edição de Abril último da National Geographic Channel International.

Fascinantes imagens da província de Sofala e do Parque Nacional da Gorongosa (PNG) foram recentemente trazidas de Moçambique para Lisboa e exibidas ao público portugues, numa acção promocional e que indicam uma nova aposta do turismo moçambicano. Tratouse de um acto inserido na Conferencia integrada nos “Dias do Desenvolvimento” (Jornadas de Desenvolvimento) 2009. O governador de Sofala, Alberto Vaquina, e o director de comunicação do Parque Nacional da Gorongosa, Vasco Galante, puseram os participantes ao evento, decorrido no dia 29 de Abril último, “sob uma autêntica cascata de belezas africanas”.

A Fundação do multimilionario norte-americano, Greg Carr, suporta a revitalização do Parque Nacional da Gorongosa, num projecto de restauração do parque, que está a ser feita no quadro de um acordo, por 20, com o Governo de Moçambique.

O projecto de restauração tem como duplo objectivo a restauração do ecossistema da região da Gorongosa e a redução da pobreza nas comunidades tradicionais que circundam o parque, e Greg Carr espera que “ambos os objectivos se complementem”, já que a restauração da Gorongosa, ajudando a criar ‘uma grande e próspera indústria turística”, vai dar “emprego à comunidade local e impulsionar as actividades económicas na região”.

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