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Golo de Letra: CAIRAM EM PÉ

Há tanto para exaltar na soberba exibição dos Mambas em Abuja! Desse amontoado de méritos não sei que mais admirar: se a personalidade colectiva; se a forma cirúrgica como confundiram o adversário; se a serenidade na resposta a uma infelicidade individual (Simão); se a cultura estratégica para afectarem as Super Águias onde mais lhes doía; se a crença brutal em perseguirem a vitória quando a derrota já parecia uma miragem. Depois de terem sido amarrotados pelos quenianos (2-1) ainda na primeira fase, o esplêndido desempenho dos Mambas no domingo passado sugere, desde logo, duas ideias:

– o crescimento da equipa em poucos meses, como que a desmentir o ocorrido contra r os tunisinos e quenianos;

– a emancipação individual de um elevado número de jogadores, como se já estivessem fartos de jogar em “Abuja” e, no domingo, fosse apenas mais um desses jogos. O profundo conhecimento que os Mambas tinham do seu adversário fez com que Mart Nooji armadilhasse uma estratégia que nos pareceu sustentada em três planos:

• SURPRESA – entrando ao ataque, quando as programações apontariam em sentido inverso;

• AUDÁCIA – mantendo uma intensidade de jogo ofensivo só ao alcance das equipas maduras;

• BRAVURA – para sofrer pela recuperação da bola em zona subida, de modo a empobrecer a qualidade das Super Águias nas saídas para o ataque. Não fora o remate de Dário a bater com estrondo na trave do guarda-redes nigeriano e poder-se-ia dizer que a primeira parte dos Mambas tinha roçado a perfeição, ao ponto de o 0-0 com que se atingiu o intervalo constituir severo castigo para os moçambicanos, quer pelo volume de jogo, quer pela qualidade das iniciativas, quer ainda pelo extremo incomodismo imposto aos discípulos de Jay Jay Okocha.

Às tantas, tudo parecia às avessas: dominava (os Mambas) quem, supostamente, deveria assumir maiores cautelas; os grandes embaraços (Super Águias) atingiam quem se pensaria estar destinado a impor-se com clareza. Ao tomar o pulso ao jogo desde muito cedo, os Mambas não se limitaram a atacar bem, tiveram ainda o mérito de o fazer com mais unidades do que seria suposto, com o portador a bola a desfrutar de apoios (por trás) e de opções de passe (à frente).

Espantoso!

Sem ter nada para aprender no futebol, os nigerianos pressentiram os riscos que corriam e não demoraram (58 minutos) em colocar mais unidades no meio-campo, de modo a garantir melhor gestão da bola; melhor qualidade de passe e melhores ideias no projecto de ataque. Não lhes valeu de muito porque o núcleo duro dos Mambas se manteve insuperável. Quando aconteceu a vantagem das Super Águias (93 minutos) – que injustiça! – pensámos “mais 10 minutos e o enredo seria outro”. Os nigerianos driblaram o destino e marcaram, mas os Mambas mostraram que veneno não lhes falta…

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