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Gloriosos Mambas

“Foi bonita a festa pá, fiquei contente.” Assim reza o princípio de uma canção de Chico Buarque, com que apetece começar esta crónica.

Depois da vitória dos Mambas sobre a Tunísia, que lhes permite presença no CAN, estalou a festa que transbordou do Estádio Machava, um pouco por todo o lado. E é bom perceber, como às vezes conquistamos coisas tão importantes de uma forma tão simples. Bastou um golo de Dário Monteiro. Só isso. Porque na verdade, a vida é simples. Se a quisermos tornar assim.

Moçambique terá tanta ou mais capacidades para estar numa competição de nível mundial como as selecções com quem disputou o apuramento. Não se conquista nada, sem a confiança própria dos vencedores. E nada se alcança sem trabalho próprio de quem ambiciona chegar mais longe. Matéria-prima não falta. Apoio e alegria do povo, também não. Eventualmente falta planeamento e organização. E é essa a base de todo o trabalho. A vida e a cor que nascem à volta da alegria de uma vitória são espectaculares. Mas a genuína alegria que se viu na festa desta vitória é difícil de imitar.

E dá gosto ver o povo feliz. A alegria de Moçambique galgou fronteiras e ecoou na Europa. O futebol precisa de mais selecções assim, que garantam esta paixão pelo jogo, que vibrem de forma contagiante e que façam o jogo uma festa. Um festejo de verdade. Mas é fácil desejar que assim aconteça. Sonhar está à mercê de todos. E todos o devem fazer. Difícil é concretizar o que sonhamos. Do querer ao fazer, vai uma distância considerável, e onde tudo se decide. No futebol, como em tudo, não basta dizer que se quer. Além de se querer tem que se arcar com tudo o que essa vontade acarreta.

O desporto é uma das mais rápidas e eficazes formas de afirmação nacional. Que unifica todos em volta de um símbolo comum. A bandeira. Além da visibilidade internacional que reboca, decisiva para pôr qualquer país no mapa desportivopolitico mundial. Já algumas nações africanas o conseguiram fazer. Nem sempre com sucesso, ou método suficiente para o alcançar. E para o manter.

Mas na certeza de ter sido uma ferramenta importante na sua afirmação, mas também na afirmação de todo o continente africano. Moçambique e os Mambas estão no trilho do sucesso. E atrás deles toda uma nação. O CAN será uma boa montra. E uma forma de ir afirmando o futebol no continente. E depois tentar partir para voos mais altos e ambicionar mais e melhor. E se sonhar faz parte da vida, trabalhar para realizar os sonhos também.

No fim de uma etapa (Mundial) e no princípio de outra (CAN) parece uma boa altura para criar as condições que legitimem pretensões a uma presença no Mundial de 2014. Quatro anos parecem muito tempo. Mas não será. É pouco até. Acredita Moçambique que o sonho faz parte da vida. Ambiciona o que julgas inalcançável, porque só assim lá chegarás.

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