As instituíções moçambicanas de ensino ainda estão longe de reflectir uma gestão baseada em processos democráticos, sendo que a dinâmica interna das mesmas apresenta características autocráticas. Esta informação é avançada apartir de uma pesquisa apresentada, no decurso das actividades da Conferência Sobre Avaliação Educacional em Moçambique, terminada ontem, em Maputo.
O estudo da autoria de dois docentes da Faculdade de Ciências Naturais e Matemática da Universidade Pedagógica em Maputo, nomeadamente, Carlos Lauchande e Alberto Cupane, visa dentre outros objectivos, avaliar o impacto do programa de Apoio Directo às Escolas (ADE), introduzido pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC), no âmbito do processo de descentralização e promoção da democracia no seio das instituições de ensino, tomando em consideração a participação das comunidades circunvizinhas.
De acordo com o estudo, apesar do conselhos de escola, órgãos que constituem espaços onde os professores, directores e alunos em coordenação com as comunidades directamente beneficiadas pelas instituições de ensino, decidem e perspectivam a vida da escola, as mesmas ainda estão muito longe de reflectir a democracia.
“No geral há uma percepção de que, por um lado, os conselhos de escola funcionam, contudo a dinâmica interna da escola ainda está longe de reflectir a democracia, sendo que a participação dos professores e das comunidades locais na tomada de decisões que perspectivam o futuro da escola é bastante variável”, sustenta a pesquisa.
A pesquisa questiona em que medida os directores das escolas podem ser democráticos num ambiente “essencialmente” autocrático, os critérios usados pelo Ministério da Educação e Cultura para no processo de selecção dos directores e ainda como é que o MEC pretende criar um ambiente democrático nas instituições de ensino usando métodos autocráticos.
Para realizar a pesquisa, os pesquisadores levaram a cabo entrevistas com directores, professores e ainda com responsáveis da educação a nível distrital, em três províncias do Sul do país, nomeadamente, Maputo, Gaza e Inhambane, sob o lema “Descentalização, Liderança, Democracia e Educação”.