O general congolês, Norbert Dabira, detido quinta-feira passada em Paris por suposta participação no desaparecimento, em maio de 1999, de cerca de 350 Congoleses na zona fluvial de Brazzaville denominada “Beach” estava visado desde 2 de abril último por um mandado de captura internacional.
Segundo a agência de notícias PANA, que cita uma fonte segura, o general Dabira, antigo inspetor da Polícia congolesa, estava consciente deste mandado de captura emitido pela justiça francesa mas pensava a salvo quando chegou a França com um passaporte diplomático.
“Estou convencido de que devia estar avisado do lançamento do mandado de captura pela sua advogada Caty Richard. Pensava no entanto que o passaporte diplomático que levava bastava para o proteger. Atualmente, estamos numa instrução por crimes contra a humanidade e, assim sendo, a imunidade diplomática não funciona”, explicou à PANA esta fonte próxima do dossier.
O general Dabira, de 64 anos de idade, alto-comissário para a reinserção dos ex-combatentes desde 2012, com a categoria de vice-ministro, foi detido por “crimes contra a humanidade” na prefeitura de Torcy (região parisiense) onde veio cumprir formalidades administrativos, disse a fonte, acrescentando que o mesmo foi liberto mas colocado sob controlo judicial.
Cerca de 350 Congoleses que regressavam de exílio em 1999 na República Democrática do Congo (DC) tinham desaparecido em Beach de Brazzaville em circunstâncias nunca elucidadas apesar duma instrução aberta em 2002 em França e de um julgamento organizado em 2005 no Congo contra o agrado dos lesados.
As 15 pessoas incriminadas neste dossier, incluindo o general Dabira e várias altas autoridades do Exército e da Polícia congolesas, foram todos libertos pelo Tribunal Criminal de Brazzaville. Depois da detenção do general Dabira em Paris, o Observatório Congolês dos Direitos Humanos (OCDH) pediu que o famoso caso de “desaparecidos de Beach” fosse objeto duma nova instrução no Congo.