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General Chipande desvenda segredo de desentendimento com o ISCTAC

O General na reserva Alberto Joaquim Chipande, um influente combatente da luta armada de libertação nacional e quadro sénior do partido Frelimo, em conferência com a imprensa, Terça-feira, na cidade da Beira, deixou escapar pela primeira vez uma das prováveis razões que o levam a exigir a retirada do seu nome atribuído ao Instituto Superior de Ciências e Tecnologia Alberto Chipande (ISCTAC), com sede na capital provincial de Sofala.

Entretanto, referir que não foi fácil arrancar dele um único pronunciamento consistente relativo ao imbróglio que o opõem ao ISCTAC, pois sempre procurou argumentar que encontra-se na cidade da Beira em missão partidária e considerou deselegante misturar trabalhos do partido com assuntos pessoais.

Todavia, a pressão dos jornalistas foi tal a ponto de o General Chipande não saber como se esquivar-se, acabando por revelar algumas mazelas que ocorrem-lhe na alma: “Os que estão a frequentar aquela escola sabem porque vão lá. Vocês sabem muito bem o que existe naquela escola. Agora vocês querem que seja eu a falar porquê? Não é vergonha isso? Vocês sabem muito bem, porque não falam? Perguntam a mim porquê? Por favor, falem vocês, escrevam lá”.

Estas foram as primeiras afirmações sólidas do General Alberto Chipande, despertando tamanha curiosidade no seio dos jornalistas, na sua maioria questionando-se de que se tratava de facto, pois na altura nenhum jornalista imaginava o que se passa naquela escola.

Valeu o facto de sozinho, o próprio Chipande, não ter demorado a dar a resposta: “…mas vocês gostariam… aquela escola nunca formou alguma pessoa, vocês ficariam satisfeitos em ouvir dizer que Alberto Chipande foi graduado como herói naquela escola? Ficava bem? Pergunto a vocês, iriam ficar satisfeitos?” – questionou várias vezes, para depois concluir: “Então, eu deixar a Frelimo, que me criou, e ser graduado por aquele? quem ele é?”.

Os jornalistas procuraram saber junto do General se o problema começou daí, uma vez que o seu nome é usado por aquela instituição de ensino superior desde a sua fundação em 2009 e desde então não era reportado qualquer desentendimento, tendo Chipande afirmado: “Não é isso, apenas estou a dar um exemplo porque vocês insistem me perguntando”.

Ainda assim, insistiu perguntando aos jornalistas se alguém ficaria satisfeito por ele ser graduado herói por uma escola que nunca formou alguma pessoa.

“Estou a perguntar a vocês se ficariam satisfeitos ser aquele aí primeiro a promover a mim, um herói nacional? Nem a Frelimo ainda não se pronunciou, para eu dizer que sim, eu sou herói. Ficavam satisfeitos? Eu ir ali receber a graduação de herói, ficava correcto?”.

Dito isto, Chipande deu a entender ter clarificado a razão da exigência da retirada do seu nome daquela instituição.

“Então, porque eu tenho de andar a justificar? Porque a Frelimo não me gradua? A Universidade Eduardo Mondlane porque não me gradua? Agora eu ser graduado ali porquê? Nem formou sequer um quadro, logo quer graduar a mim, porquê? Desculpa lá vocês, sejam nacionais, sejam patriotas. O problema é vosso”.

Se não sabem respeitar a vossa história é convosco

Pela forma como o General Alberto Chipande reagia às perguntas dos jornalistas face o envolvimento do seu nome com o ISCTAC, deu para perceber que o veterano da luta armada de libertação nacional não tem gostado que o assunto figure tanto na imprensa como tem acontecido desde que o mesmo despoletou.

Lembrou de um jornalista que certa vez criou-lhe enorme constrangimento ao afirmar à sua pessoa ter ouvido dizer que o General Chipande recebia dinheiro do ISCTAC e agora anda zangado porque a instituição deixou de lhe pagar.

“Eu nunca recebi dinheiro. Isso é imoral. Isso é falta de educação, é falta de respeito para com as entidades. Eu, durante a luta armada, a minha cabeça valia milhões de escudos. Ele (referindo-se ao jornalista em causa) sabe quanto eu ganho hoje? São essas coisas que querem que ande a responder? Se eu, na luta armada, a minha cabeça valia milhões e milhões de escudos, agora hoje vale quanto? Quinhentas? É imoral isso para mim. Esse é vosso problema. Saibam como gerir. Se não sabem respeitar a vossa história é com vosco” – rematou.

Não gostaria de deformar o meu povo

O General Chipande reiterou que não gosta de abordar matérias de natureza privada em fóruns públicos, considerando que isso não é cívico nem moral.

“Não é do meu interesse andar a falar de coisas privadas em público, através de jornais. Isso não fica bem. Não é elegante levar um assunto particular para o jornal”. Chipande questionou o interesse disso, perguntando se é para educucar, formar ou para deformar?

“Eu, pessoalmente, não gostaria que deformassemos o nosso povo com abordagens em público de assuntos pessoais. Esse não é pelo menos o meu desejo” – concluiu.

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