O coordenador do grupo de trabalho do G-20, Narciso Matos, disse que a sociedade moçambicana pode esperar um G-20 mais forte do que era anteriormente, um que produz relatórios mais profundos sobre o desenvolvimento do país do que eram produzidos no passado, com maior clareza entre o que cada uma das organizações faz individualmente e o que elas fazem colectivamente como membros de uma plataforma de âmbito nacional.
Referiu que o G-20 pretende ter um plano que permita à organização saber o que quer fazer colectivamente como uma plataforma da sociedade civil, realçando que “como qualquer organização, sobretudo jovem, há fraquezas. Por isso é que estamos reunidos para analisarmos como a agremiação está a desenvolver as suas actividades. Mas se olharmos para trás, o G-20 tem feito trabalho que se ele não existisse, a sociedade civil e o país seriam mais pobres”.
Dando como exemplo, disse que há bem pouco tempo, houve a apresentação do relatório do Mecanismo Africano para Revisão de Pares (MARP), do país e o G-20 foi a estação que em cada província do país congregou as opiniões sobre como o país está sendo governado e qual a interacção entre vários actores do desenvolvimento. Este trabalho foi feito pelo secretariado do MARP, através do representante do G- 20 em cada província, acrescentando que “anualmente, realiza-se uma reunião do Observatório do Desenvolvimento, onde o Governo senta de um lado, parceiros de cooperação de um e a sociedade civil doutro. Nesss encontros, o G-20 tem-se feito representar e fala em nome da sociedade civil”.
Numa entrevista que concedeu em exclusivo ao RaioX, Narciso Matos referiu ainda que nos próximos tempos podemos esperar desta organização, uma melhor interacção e melhor trabalho com o governo e parceiros de cooperação. O G-20 encontra-se desde ontem reunido na capital moçambicana com o objectivo de planificar as actividades desta plataforma existente há seis anos, sendo esta, a primeira vez que as organizações membros desta, têm uma oportunidade de se sentar à mesma mesma.
No encontro, estão os representantes de todas as províncias do país, por ser ainda objectivo da reunião, saber como é que enquanto plataforma da sociedade civil tem feito um trabalho e como podem elevar os índices de melhoramento das actividades desenvolvidas até este momento, face à situação actual do país. Quanto à avaliação que faz das actividades do G-20, disse que é positiva, “embora não queira dizer que os relatórios que têm sido produzidos pelo G- 20 sejam perfeitos. Se tivéssimos começado a trabalhar mais cedo teríamos o melhor relatório, a melhor articulação com os nossos membros das várias organizações espalhadas pelo país, teríamos reflectido com maior profundidade a situação do país”.
Sublinhou que é por esta e outras razões que os membros do G-20 estão reunidos com vista a encontrar mecanismos que permitam melhorar o trabalho desenvolvido por esta plataforma da sociedade civil. Acrescentou que “não tem nenhuma dúvida de que o desenvolvimento e a democracia no nosso país só pode sair mais forte se a soceidade civil for capaz de articular o que ela espera dos governantes, dos partidos políticos e até o que espera das várias organizações existentes”.
Quanto aos constrangimentos que enfrentam no desenvolvimento das actividades referiu que já foram identificadas várias, tendo destacado o facto de os próprios membros não saberem quais são os seus deveres, ou seja, “como podemos contribuir de uma maneira colectiva, para além das contribuições que temos dado a cada uma das nossas organizações.
Também foi identificado que não existe um sistema de informação que nos permita em cada momento, saber qual é o melhor tipo de intervenção e coloboração que podemos dar nos debates com os órgãos do Estado, não só a nível nacional, como também nos debates a nível das províncias onde nos encontramos para além de constrangimentos de ordem financeira e material.
Salientou que cada uma das organizações que fazem parte do G-20 lutam pela sua existência e sobrevivência e “nós colectivamente como plataforma lutamos com este tipo de adversidades”. Referiu ainda que o G-20 no desenvolvimento das suas actividades, depende muito de apoios até de apoios externos ao país o que considerou de uma fraqueza.
Acrescentou que “não havíamos de ser capazes de termos os nossos meios de fazer as coisas pelo menos as coisas essenciais sem dependermos dos outros”. Salientou que uma das formas que o G-20 encontrou para ultrapassar estes constrangimentos é reunir regularmente e dizer no país real onde vivemos o que podemos fazer e com que meios. Portanto, “penso que a melhor forma é realmente nos interrogar e traçarmos planos dimensionados com os recursos que podemos mobilizar”, realçando que “é através do conhecimento dos problemas que podemos encontrar formas de os resolver e trabalhar colectivamente”.
Narciso Matos avalia positivamente o trabalho desenvolvido pelo Governo moçambicano, realçando que a plataforma tem produzido relatórios, tem chamado os seus membros a contribuir para os debates nacionais o que é positivo. “Não posso dizer que é óptimo, mas é positivo porque já existimos, não é uma organização que está a morrer, seis anos para a vida de uma organização não é muito, mas pode se afirmar que estamos na nossa infância”.