A reconciliação racial da nação sul-africana, sonhada por Nelson Mandela, o primeiro presidente negro da África do Sul, ocorreu este sábado em Johannesburgo, com duas partidas, uma de rugby e outra de futebol. O rugby, o desporto preferido dos “Afrikaners”, os descendentes dos primeiros colonos europeus, teve pela primeira vez um encontro de alto nível no bairro negro de Soweto, onde o futebol é favorito.
Na partida, o Northern Bulls de Pretória venceu o neozelandês Canterbury Crusanders, por 39 a 24, no templo histórico do futebol de Soweto, o estádio Orlando, que habitualmente abriga 40 mil pessoas para ver os Pirates. Com a vitória, a final do Super 14 de rugby ficará entre duas equipes sul-africanas, já que o Western Stormers eliminou os australianos do New South Wales Waratahs, por 25 a 6.
Os Bulls tiveram que deixar sua fortaleza, em Loftus Versfeld, situado na zona “afrikaner” em Pretoria, porque seu estádio foi colocado à disposição da Federação Internacional de Futebol (Fifa) para a Copa do Mundo.
O choque de culturas é tal que, num país onde o apartheid impôs diferenças raciais que ainda seguem presentes na sociedade, na África do Sul não se falava de outra coisa que a partida de rugby em Soweto.
O ex-arcebispo anglicano Desmond Tutu, prêmio Nobel da Paz e figura importante na luta contra o regime segregacionista que caiu em 1994, qualificou a partida de rugby em Soweto de “o maior evento para esse desporto desde que os ‘Springboks’ (apelido da seleção nacional) venceram o Mundial em 1995”.
Por sua vez, a poucos metros do estádio Orlando, no gigantesco Soccer City, construído para a Copa do Mundo na terra de ninguém entre Johannesburgo e Soweto, a Wits University conquistou a Copa de Futebol da África do Sul ao bater o AmaZulu, por 3 a 0. O Wits abriu o placar pelo brasileiro Fabrício Rodrigues, aos 77 minutos, e ampliou com Vilakazi, aos 90+3 e 90+4.