A cidade de Londres acordou hoje com sol, depois dum verão chuvoso, as autoridades locomoviam-se nas ruas interditadas, o que irrita a população, com centenas de milhares de visitantes a mais, e a segurança foi reforçada para proteger o evento. Mais de 16 mil atletas, entre eles seis moçambicanos, aquecem-se para o seu grande dia nos locais de competição por toda a Grã-Bretanha.
Cerca de 11 milhões de turistas, além de bilhões de telespectadores em todo o globo, acompanharão a Olimpíada entre 27 de Julho e 12 de Agosto.
Usain Bolt, vencedor dos 100m e dos 200m na China em 2008, disparou a primeira provocação no que promete ser uma final memorável dos 100m no dia 5 de Agosto, o auge dos Jogos. “Esta é a minha hora”, disse o atleta de 1m95, à medida que as atenções deixam de lado um escândalo de segurança e o caos no transporte às vésperas do evento e voltam-se para o que realmente importa – o desporto.
“Este será o momento e o ano em que destaco-me dos outros atletas do mundo”, afirmou o velocista de 25 anos ao jornal Guardian. Bolt, que detém o recorde mundial dos 100m, quer fazer o que nenhum outro homem conseguiu – sagrar-se vitorioso tanto nos 100m quanto nos 200m.
Faixa exclusiva
Embora o governo britânico e as autoridades olímpicas estejam aliviadas por o desporto ter voltado aos holofotes, a ameaça de interrupções nos transportes e temores de segurança permanecem a somente dois dias da tão aguardada abertura.
Um alvo de revolta dos taxistas notoriamente rabugentos e de muitos londrinos comuns são as chamadas “faixas olímpicas”, que entraram em operação, esta Quarta-feira.
Apelidadas de faixas “Zil”, em referência às estradas exclusivas para as limusines de líderes do Partido Comunista na ex-União Soviética, as ruas são reservadas para autoridades olímpicas, a media, atletas e patrocinadores.
Qualquer um pego usando as faixas sem permissão recebe uma multa automática de 130 libras (cerca de 390 reais). Como resultado do sistema, tem havido confusão e trânsito pesado em várias partes da capital.
“Eles fecharam a faixa olímpica, mas ninguém (da comunidade olímpica) estava a usá-la”, disse o engenheiro Ross Keeling depois de ir do leste ao centro da cidade.
“O meu trajecto normalmente leva 40 minutos, mas levou duas horas com a mudança. Foi uma droga. Temos que ficar a assistir à faixa vazia”.
Entertanto, a ameaça de atrasos em Heathrow e noutros aeroportos foi evitada porque os guardas de fronteira cancelaram uma greve planeada para Quinta-feira (26).
O secretário de Cultura e Desporto, Jeremy Hunt, disse que o temor de longas filas na alfândega nos dias que antecedem os Jogos foi contornado. “Um dos maiores sucessos das últimas semanas foi que as filas em Heathrow foram o cão que não ladra nem morde”, disse ele à rádio BBC.
Terça-feira (24), Hunt havia dito que 1.200 soldados extras foram mobilizados para proteger os locais de competição para cobrir a falta de seguranças particulares, um grande constrangimento para o governo do primeiro-ministro David Cameron.
As autoridades de contra-terrorismo minimizaram a possibilidade de um grande atentado na Olimpíada.
Tocha olímpica
A simbólica tocha olímpica, quase no final da sua jornada de cerca de 12.800 km chegou esta Quarta-feira, ao Estádio de Wembley, cenário do único triunfo da Inglaterra numa Copa do Mundo em 1966, e será conduzida pelo guarda-redes daquela partida, Gordon Banks.
A sua odisseia termina com o acendimento da pira olímpica, na noite da Sexta-feira, na presença de 60 mil espectadores, incluindo a Rainha Elizabeth, a primeira-dama dos EUA, Michelle Obama, e uma constelação de celebridades e dignitários.
Mais de 1 bilhão de pessoas deve assistir à cerimónia dirigida pelo directo Danny Boyle (de “Quem quer ser um milionário?”) pela TV e pela Internet.
Embora muitos detalhes do show tenham sido divulgados pela media e pelas redes sociais, alguns segredos permanecem, sobretudo a identidade da pessoa que irá acender a pira olímpica e o seu local exacto. David Beckham, ex-jogador da selecção inglesa, confirmou que fará uma curta participação no evento.