O primeiro Campeonato do Mundo da FIFA em solo africano é também o primeiro Campeonato do Mundo conquistado pela Espanha, num lotado estádio Soccer City em Johanesburgo que assistiu a 90 minutos de jogo e mais 30 de prolongamento.
O golo de Andrés Iniesta a quatro minutos do fim prolongamento confirmou a superioridade que os espanhóis mostraram ao longo de quase todo o jogo, e do torneio também, e coroou definitivamente uma geração que já havia conquistado a Europa, de seleções e em clubes. Holanda esperou tanto por por Arjen Robben que ele acabou sendo decisivo na derrota, o craque teve duas oportunidades para marcar mas falhou.
As duas seleções entraram para o relvado do Soccer City, que havia acabado de ser abençoado por Nelson Mandela, com os mesmos onzes que haviam iniciado os jogos das semi-finais.A Laranja na sua força máxima, de 1 a 11, com as estrelas Sneijder e Robben presentes. Vicente Del Bosque manteve Pedro no ataque ao lado de David Villa.
Perante 84.490 adeptos nas bancadas e, muitos VVIPS nos camarortes, entre eles a membros da realeza das duas seleções em campo, Espanha e Holanda protagonizaram um jogo pouco emocionante e muito duro, foi a final com o maior número de cartões amarelos da história: 13, e ainda houve um vermelho para Heitinga, no prolongamento.
A Fúria chegou à partida com 81% de aproveitamento em passes certos mas no primeiro tempo da final africana teve 75%, errando, com toques desnecessários, porém, a Laranja foi bem pior. A primeira boa jogada foi espanhola, sempre perigoso nos livres, Xavi colocou uma bola na àrea, na cabeça de Sergio Ramos, que, da marca do penalti, obrigou Stekelenburg a fazer uma grande defesa ainda estavam decorridos quatro minutos. Aos sete, a Holanda reamtou pela primeiora vez, por Kuyt, de fora da área, mas a bola acabou sem problemas nas mãos de Casillas.
Pela direita, a Fúria conseguia bons ataques e quase marcou um golaço aos dez minutos, Iniesta encontrou Sergio Ramos, que entrou na área, aguentou a pressão de Kuyt e rematou cruzado, mas Heitinga cortou perto da linha. Um minuto depois, em novo cruzamento da direita, David Villa rematou de primeira com a perna esquerda e acertou na malha lateral.
Depois começou o festival de faltas e cartões amarelos, o primeiro cartão foi para Van Persie que fez um carrinho em Capdevila. Logo em seguida, Puyol fez falta dura sobre Robben e também viu o cartão. Aos 22 minutos foi a vez de Van Bommel ser advertido por travar Iniesta. Mais um minuto, e outro amarelo Sergio Ramos, por falta sobre Kuyt. O árbitro inglês Howard Webb mostrou outro amarelo a De Jong, que foi com os pitons das botas Ao peito de Xabi Alonso, quando o holandês merecia um vermelho.
Aos 34 minutos, um lance furtuíto quase resultou em golo para a Holanda. O jogo parou para atendimento médico, Heitinga resolveu devolver a bola para Espanha e rematou, do seu campo, em direção a Casillas, que estava ligeiramente adiantado e teve que esticar-se para tocar nela e impedir que entrasse na sua baliza. A equipa Bert van Marwijk só na segunda metade da primeira parte passou a ofensiva. Aos 36 minutos, de pé para pé, a bola chegou a Mathijsen na área mas o defesa falhou o remate e desperdiçou a oportunidade de golo. Em cima do minuto 45, mais uma boa troca de passes e Robben, na quina direita da área, rematou e acertou o cantinho esquerdo de Casillas, que conseguiu salvar.
As equipes voltaram para a segundo parte sem substituições. Com dois minutos no relvado, a Espanha tentou sua famosa jogada de canto, que faz sucesso no Barcelona e valeu até a vitória na semifinal sobre a Alemanha: Xavi cruzou, Puyol subiu e encostou de leve na bola, mas Capdevila sozinho foi incapaz de rematar para a baliza de Stekelenburg.
A Laranja apostou nos contra-ataques e chegou duas vezes perto da baliza de Casillas. Xavi respondeu num livre aos 54 minutos que levou a bola a passar rente ao travessão. Na jogada, Van Bronckhorst recebeu o sexto cartão amarelo do jogo e pouco depois Heitinga também foi admoestado depois de travar com um carrinho um contra-ataque de David Villa.
Vicente del Bosque foi o primeiro a mexer na equipa, decorria o minuto 60, refrescou o ataque tirando Pedro e lançando Jesus Navas, um jovem desconhecido que joga no Sevilha. Mas quem entrou de verdade no jogo foi Sneijder, muito apagado até então, o camisa 10 fez um passe perfeito para Robben que ganhou a disputa contra dois defesas espanhóis, invadiu a área e, cara a cara com Casillas, rematou mas a jabulani da final não estava para efeitos caprichosos e bateu no pé do guarda-redes e saiu pela linha de fundo.
E as faltas, algumas perigosas, eram a táctica das equipas para cortar lances de perigo e Capdevila levou o oitavo amarelo do jogo, por parar o contra-ataque de Van Persie com um carrinho. Na ala direita Navas abria espaços e cruzava com perigo, aos 69 minutos o jovem cruzou rasteiro, Heitinga não conseguiu cortar na pequena àrea, e a bola sobrou para Villa sozinho próximo no poste esquerdo, que rematou contra a defesa e a bola pelo alto saiu para canto.
A Espanha controlava o jogo e Xavi continuou a tentar cruzar para àrea para a cabeça dos seus companheiros, aos 76 minutos o camisa 8 levantou a bola para a cabeça de Sergio Ramos, que, livre de marcação e só Stekelenburg pela frente rematou para fora. Robben igualou o placar de oportunidades claras falhada ao isolar-se novamente, depois de ganhar a Puyol na corrida, mas quis enfeitar o lance e Casillas saiu aos seus pés e ficou com a bola. O holandês reclamou da falta de Puyol na jogada anterior e viu o nono cartão amarelo do jogo.
A Fúria conseguiu ter mais posse de bola, como gosta, durante os primeiros 90 minutos: 57%. Mas não conseguiu marcar nos 12 remates que teve, enquanto a Laranja tentou nove remates a baliza de Casillas e também não marcou. Era preciso ir ao prolongamento para encontrar o campeão do Mundial africano.
O prolongamento começou com o mesmo cenário da segunda parte, muitas jogadas de golo desperdiçadas. Fabregas, que substituíra Xabi Alonso, recebeu ótimo passe de Iniesta e rematou para defesa por instinto de Stekelenburg com o pé. No lance seguinte, foi a vez da Holanda: Casillas saiu mal da baliza, após a marcação de um canto, e Mathijsen não aproveitou, cabeceando para fora.
Depois foi Iniesta que tentou um drible em vez de remata. Jesus Navas rematou mas encontrou o capitão Van Bronckhorst, que fez o seu último jogo pela Holanda, à sua frente levando a bola a malha lateral. Os treinadores fizeram suas últimas substituições para ganharem o jogo Bert van Marwijk pôs Van der Vaart e Braafheid nos lugares de De Jong e Van Bronckhorst, e Vicente del Bosque trocou o artilheiro Villa por Fernando Torres.
O holandês ganhou um motivo para se preocupar quando o defesa Heitinga fez uma falta sobre Iniesta e viu o segundo amarelo, e consequente cartão vermelho. O golo, que teimava em não acontecer, veio aos dez minutos da segunda parte do prolongamento, mais uma boa jogada Navas, que correu em direção ao ataque, Fabregas fez o passe para Iniesta rematar cruzado e marcar que deu o primeiro título mundial a Espanha.
Além do inédito título mundial conquistado no primeiro Mundial que se jogou em Àfrica e ser a primeira a levantar o troféu após perder na estreia, a Espanha despede-se do torneio com mais duas marcas: uma positiva e outra negativa. Com apenas dois golos sofridos, a Fúria iguala-se a franceses e italianos como campeã com a defesa menos batida. Entretanto, os espanhóis, conhecidos pelo futebol ofensivo, marcaram apenas oito golos, tornando-se no campeão com menor número de golos na história da FIFA.