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Fuga de Anibalzinho: polícia nega conivência

A Polícia da República de Moçambique (PRM) nega qualquer conivência de membros da corporação com a fuga de Aníbal dos Santos Júnior (Anibalzinho), recentemente recapturado, e outros dois cadastrados, das celas do Comando da Cidade, a 7 de Dezembro de 2008.

Segundo o Porta-voz do Comando Geral da PRM, pode ter havido erros de procedimentos e falhas de actuação dos membros da corporação. Assim, as autoridades policiais acreditam que a recaptura de Anibalzinho pode ajudar a esclarecer as circunstâncias da “fuga” dos três cadastrados naquele Domingo. Aquando da recaptura de Samuel Januário Nhare (Samito), em Janeiro do último, a policia afirmou que este acto ajudaria a esclarecer o caso.

“Pode haver erros de procedimento, falhas de actuação dos agentes até que se prove em contrário. Agora com Aníbal recapturado, alguns assuntos vão ser esclarecidos. Há um trabalho para se saber em que circunstâncias ele saiu da cadeia”, frisou Cossa. Um relatório de inquérito instaurado para averiguar as circunstâncias em que a fuga de “Anibalzinho”, “Samito” e Luís de Jesus Tomás, vulgarmente tratado por “Todinho” (falecido em Janeiro) das celas do Comando na PRM da Cidade de Maputo, e divulgado em Dezembro de 208, apontava que a negligência dos membros de direcção do Comando da PRM na Cidade de Maputo ditou a fuga dos três cadastrados.

A Comissão de Inquérito, nomeada pelo Ministro moçambicano do Interior, José Pacheco, no dia 07 de Dezembro de 2008, integrava três quadros e foi Chefiada pelo Director Nacional de Investigação Criminal, Carlos Comé. Os resultados do relatório indicaram que o Comandante da Cidade, o Director da Ordem e Segurança Pública (assassinado em Dezembro de 2008), o Chefe das Operações, o Chefe de Departamento de Protecção e o Chefe das Celas não tomaram quaisquer medidas tendentes a reduzir o risco de fuga, apesar de terem tomado conhecimento, por escrito de estarem em curso actos preparatórios para a fuga dos três criminosos.

“Anibalzinho”, “Samito”, e “Todinho” evadiram-se em plena luz do dia, do Comando da PRM em Maputo, local onde se encontravam encarcerados em celas separadas. Um dia antes da fuga dos três cadastrados, foi disseminada por escrito uma informação que reportava a apreensão de diversos instrumentos metálicos. A mesma informação mencionava o facto de ter sido aberto um buraco na parede do corredor das celas e a movimentação dos três criminosos de uma cela para outra.

“Porém, a direcção do Comando da PRM da Cidade de Maputo, segundo o relatório, não valorizou estes factos, o buraco não foi tapado e nem foi reportado no relatório de ocorrências diárias, como se impunha”. O documento refere que os membros do Comando da PRM da Cidade de Maputo estiveram nas instalações nos dias 6 e 7 de Dezembro e não tomaram medidas preventivas e nem emitiram instruções para evitar a fuga, por já existirem sinais da sua efectivação.

Após a alegada fuga dos três criminosos, o Ministro do Interior ordenou a detenção dos sete membros da PRM que compunham o turno de guarnição no dia da ocorrência e a cessação de funções dos quadros de direcção do Comando da Cidade, nomeadamente o respectivo Comandante José Tomás, o Chefe de Departamento de Protecção, Clemente Nhacula, o Chefe do Departamento de Operações na Direcção da Ordem e Segurança Pública naquela instância policial, William Faife Tivane, e o Chefe das Celas, Jorge Torrezão.

Face as evidências de negligência da direcção do Comando da Cidade, constatadas pela Comissão de Inquérito, o Ministro decidiu instaurar processos criminais contra José Tomás, Clemente Nhacula, William Tivane, Jorge Torrezão, e ainda o Adjunto de Superintendente da Polícia, Jorge Manuel Correia. Na sequência dos factos, foi decidida igualmente a restituição a liberdade aos seis Guardas da Polícia detidos em conexão com a fuga “por não se provar o seu envolvimento nos preparativos e na execução da fuga”.

Contudo, os guardas da Policia componentes do turno de guarnição no dia da ocorrência foram alvos de pena de repreensão pública. O Porta-voz do Comando Geral da PRM questionado, hoje, oito meses depois da ocorrência do facto, sobre o andamento dos processos criminais dos quadros da direcção do Comando da Cidade, bem como da actual situação dos seis guardas detidos, recusou-se a prestar quaisquer informação, alegadamente porque o caso ainda está a ser trabalhado.

Anibalzinho e Samito mencionaram em ocasiões diferentes o envolvimento de Custódio Pinto, antigo Comandante Geral da PRM, na sua saída estranha das celas do Comando da Cidade. “Anibalzinho”, que já havia fugido por duas vezes da Cadeia de Máxima Segurança da Machava (BO), cumpria uma pena de 30 anos de prisão maior por ter liderado um esquadrão de morte que assassinou o proeminente jornalista investigativo moçambicano Carlos Cardoso, em Novembro de 2000.

“Todinho”, morto em Janeiro último, era um dos implicados na morte do Director da Cadeia Central de Maputo, Jorge Microsse, enquanto que “Samito, praticante de crimes de homicídios, roubo, assalto à bancos, entre outros, é acusado de ser cúmplice principal de Agostinho Chaúque, o criminoso mais procurado pela Policia moçambicana nos últimos anos.

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