A frota baleeira japonesa partiu para a Antárctida nesta terça-feira para retomar, depois de intervalo de um ano, a caça aos mamíferos, o que provocou críticas da Austrália, bem como dos Estados Unidos, seu principal aliado. O Japão pretende capturar mais de 300 baleias antes do término da caça no próximo ano e cerca de 4.000 nos próximos 12 anos, como parte de um programa que define como pesquisa científica de baleias.
A Corte Internacional de Justiça (CIJ) decidiu no ano passado que o Japão tem de parar com a acção dos baleeiros no oceano Austral, e um painel da Comissão Baleeira Internacional (CBI) assinalou em abril que o Japão ainda não demonstrou a necessidade de matar baleias.
O governo japonês reformulou o seu plano para a temporada 2015/16, reduzindo para 333 o número de baleias mink que pretende capturar, um corte de dois terços.
“No ano passado, infelizmente, a CIJ tomou a decisão e não pudemos caçar baleias”, disse Tomoaki Nakao, prefeito da cidade de Shimonoseki, que abriga a frota baleeira, e integrante da base eleitoral do primeiro-ministro Shinzo Abe. “Não há dia mais feliz do que este”, disse ele à tripulação da frota, numa cerimónia antes da partida.
Pouco antes do meio-dia os navios foram lançados ao mar sob um céu azul claro, enquanto os familiares da tripulação e funcionários acenavam da costa. A previsão é de que a caça se estenda até Março. O Japão alega há tempos que a maioria das espécies de baleias não está ameaçada de extinção e que comer esses cetáceos é parte da sua cultura alimentar. O país iniciou em 1987 o que define como “caça científica”, um ano depois de entrar em vigor uma moratória baleeira internacional. No entanto, a carne acaba nas prateleiras das lojas, embora já não seja mais consumida pela maioria dos japoneses.
Autoridades, incluindo Abe, dizem que o seu objectivo final é a retomada da caça comercial de baleias, uma promessa que o primeiro-ministro repetiu em mensagem lida na cerimónia que antecedeu a partida dos navios.
Ambientalistas condenaram o movimento. “É totalmente inaceitável que o governo japonês ignore a Corte Internacional de Justiça”, disse Junichi Sato, director-executivo do Greenpeace Japão, em comunicado. “Isso não é pesquisa científica, é claramente caça comercial de baleias.”