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Moçambique não tem “tecnologia” para verificar a validade do frango importado do Brasil

Moçambique não tem “tecnologia” para verificar a validade do frango importado do Brasil

A Direcção Nacional de Serviços Veterinários garante que o frango que tem sido importado do Brasil é de boa qualidade pois obedece as normas e procedimentos sanitários estabelecidos por Moçambique, sendo também submetido a análises que atestam que está apto para o consumo dos moçambicanos. Todavia, e na sequência da revelação de esquema de venda de carne ilegal e fraude na fiscalização sanitária pelos maiores produtores brasileiros de carne, o director nacional dos Serviços Veterinários reconheceu que não existe no nosso País tecnologia para testar a validade da carne importada. Paralelamente, Américo Conceição revelou ao @Verdade que os produtores do frango nacional solicitaram permissão para que as suas aves passem a levar injecções de água com sal, a salmoura, e o Governo pretende legalizar essa prática.

As autoridades policiais brasileiras estão a desmantelar, desde a passada sexta-feira(17), um esquema de pagamento de subornos envolvendo funcionários do Ministério da Agricultura do País sul-americano e empresários do ramo alimentício para relaxar a fiscalização e conseguir a licenças e certificados para a venda de carne bovina, suína e de frango.

Denominada “Carne Fraca” a Operação policial detectou, após cerca de dois de investigações, que esquema seria liderado por fiscais agropecuários e empresários do agro-negócio.

As irregularidades vão desde a utilização de quantidades de carne muito menor do que a necessária na produção dos seus produtos, complementados com outras substâncias, a utilização de carnes estragadas na composição de salsichas e linguiças, a “maquilhagem” de carnes estragadas com a substância cancerígena ácido ascórbico, carnes sem rotulagem e sem refrigeração, além da falsificação de certificados que atestam a qualidade e validade da carne para o consumo humano.

A operação teve como alvos empresas frigoríficos de pequeno porte e as gigantes Brasil Foods(BRF) e JBS. A Brasil Foods é a principal fornecedora de frango que importadores em Moçambique compram no País sul-americano, as suas marcas são Sadia e Perdix, que podem ser encontradas em vários locais de venda nacionais.

Carne importada é analisada em Laboratório moçambicano antes da comercialização

O @Verdade entrevistou o director nacional dos Serviços Veterinários, Américo Conceição, sobre como este escândalo pode afectar os consumidores em Moçambique.

Américo Conceição esclareceu que o nosso País apenas importa frango do Brasil, as carnes de bovinos e suínos tem outras proveniências, além disso a demanda de Moçambique reduziu significativamente, em comparação há 3 ou 4 anos atrás, graças ao crescimento da produção nacional. Existe uma necessidade anual de 80 mil toneladas de frangos que é suprida em aproximadamente 70 mil toneladas pelos produtores moçambicanos.

Agora “há quotas” para as 22 empresas que importam o frango para todo o País, de acordo com a fonte do Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar no ano passado foram importados do Brasil entre 4 a 5 mil toneladas apenas.

A autoridade Veterinária moçambicana explicou que Moçambique é membro da Organização Mundial de Saúde Animal que estabelece várias normas e processos sanitários para a importação de carne. “Uma delas é que para eu importar algum produto de um País devo ter uma licença de importação de Moçambique. Esta licença de importação tem requisitos sanitários e nesses requisitos o outro País tem de cumprir. Esses requisitos estão no nosso regulamento de sanidade animal”.

“Um desses requisitos é a apresentação de um certificado veterinário oficial. Outro aspecto(que deve constar no certificado) diz que esta carne vem de um animal que não tem doenças que estão na lista da Organização Mundial de Saúde Animal”, aclarou Américo Conceição acrescentando outros imperativos. Os frangos importados devem vir do Brasil directamente para Moçambique, a carne deve ser animais alimentados de ração que não contém nitrofuranos, as aves devem conter os limites de resíduos de medicamentos, as carcaças não devem ter sido tratadas com salmoura(a água com sal que é injectada), e o regulamento moçambicano determina ainda que a produção das aves não deve ser superior a 90 dias, até entrar no nosso País. Deve constar ainda do processo de importação um certificado emitido por um veterinário no Brasil “onde deve dizer que cumpre os requisitos exigidos por Moçambique”.

“Quando a carne chega a Moçambique o Laboratório da direcção de ciências animais, no Instituto de Investigação Agrária, faz a recolha de amostras aleatórias (2 a 5% da importação) de todos os importadores e faz análises sobre a higiene(principalmente se tem microrganismos), se tem a água, contaminação de bactérias e outros agentes depois aprova que está apto para o consumo”, revelou o director nacional dos Serviços Veterinários.

Confrontado pelo @Verdade sobre o esquema revelado no Brasil e que incluía a falsificação dos certificados de fiscalização Américo Conceição afirmou que “o que nós temos que melhorar agora são as análises, vão ter mais atenção às análises laboratoriais de todo o produto que entrar.

A autoridade Veterinária de Moçambique disse que “nunca tivemos carne estragada” proveniente do País sul-americano e enfatizou que uma mais valia do controle feito no nosso País é o requisito da validade que obriga que os frangos não tenham mais de 90 dias para produção e transporte do até ao nosso País.

Contudo o @Verdade questionou como se pode ter certeza que esse período é cumprido visto que a fonte dessa informação são os certificados emitidos pelos fiscais brasileiras e as embalagens dos frangos que, de acordo com a polícia Federal do Brasil, seriam parte do esquema de falsificação ora descoberto.

O responsável da Direcção Nacional de Serviços Veterinários reconheceu que além da informação contida nos certificados e nas embalagens Moçambique não tem outra forma de aferir que os prazos de validade dos frangos. “Não ainda não temos essa tecnologia” para verificar o prazo de validade declarou Américo Conceição.

Desde que o esquema de corrupção e falsificação da carne do Brasil foi revelado vários Países suspenderam a importação de produtos agropecuários do País, que é o maior exportador mundial de carne bovina e de frango, além de ocupar a quarta posição na venda de carne suína.

Governo pretende legalizar salmoura nos frangos nacionais

Entretanto o nosso entrevistado revelou que existe uma quantidade significativa de frango que é importada informalmente da África do Sul e da Suazilândia e não é alvo dos procedimentos e normas de importação de carnes.

Essas aves, além de outros problemas que podem conter, não seja pela forma como são transportados pelos mukheristas, contêm salmoura. É uma informação que até está referida na embalagem “10% of brie” e que os consumidores em Moçambique nem sequer se devem aperceber que “quando compram um frango de um quilo, 100 gramas é água e sal”.

Aliás, de acordo com o director nacional dos Serviços Veterinários os produtores sul-africanos até pretendem aumentar essa percentagem para 20%, está inclusivamente em tribunal uma disputa com as autoridades da África do Sul para o efeito.

Américo Conceição garantiu que “os frangos moçambicanos não têm salmoura” todavia o Governo está a trabalhar para que passe a ter por questões concorrenciais, “nós queremos legalizar, o mercado está a pedir-nos”.

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