O presidente francês, Nicolas Sarkozy, insistiu nesta sexta-feira que não vai adotar novas medidas sobre emprego e salários, apesar de estar enfrentando cada vez mais a pressão do povo nas ruas, após as manifestações em massa que reuniram quinta-feira entre 1,2 e 3 milhão de pessoas.
O chefe de Estado, que participou hoje e ontem da cúpula da UE, admitiu nesta sexta-feira em Bruxelas que as manifestações traduzem a “preocupação dos assalariados ante a crise”, mas destacou que pretende se manter firme no meio da tempestade, e destacou as medidas já anunciadas.
As greves e manifestações “não são uma resposta à crise”, disse. O governo “completará, modificará, ampliará, se for preciso, as medidas”, no valor de 2,6 bilhões de euros, já anunciadas em favor das famílias mais desfavorecidas, declarou.
Após as manifestações de quinta-feira, que bateram o recorde de mobilizações desde à eleição de Nicolas Sarkozy em 2007, as advertências se multiplicaram convidando o poder a não ignorar a insatisfação dos franceses. “O presidente deve levar em conta o que os franceses dizem”, declarou a líder do Partido Socialista, Martine Aubry, para quem as medidas já adotadas não “estão à altura”.
A oposição de esquerda pede novas medidas de apoio ao poder de compra das categorias mais desfavorecidas e das classes médias assalariadas, e uma melhora do tratamento das pessoas que estão engordando as cifras do desemprego.
As previsões mais recentes do Instituto Nacional da Estatística, com um PIB em queda livre (queda de 1,5%) no primeiro trimestre de 2009, indicam que 387.000 empregos devem ser suprimidos na França no primeiro semestre, contra a previsão do governo de 350.000 anunciada para o ano inteiro.
O governo foi, no entanto, confortado em sua firmeza pela UE. Reunidos em Bruxelas, os 27 rejeitaram na quinta-feira os apelos do FMI e dos EUA a um esforço extra em favor da retomada econômica.