A Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), maior empreendimento energético de Moçambique, prevê um decréscimo de oito a dez por cento das suas receitas este ano devido a redução do fornecimento de energia à África do Sul.
Esta informação foi revelada, em Chidenguele, distrito de Mandlakazi, província meridional de Gaza, pelo presidente do Conselho Fornecimento de energia a ESKOM condiciona receitas da HCB Fátima Mimbire, da AIM, em Chidenguele de Administração da HCB, Paulo Muxanga, a margem do V Conselho Coordenador do Ministério da Energia, que nesta quarta-feira termina naquela parcela do país.
No ano passado, a HCB arrecadou 257 milhões de dólares norte-americanos em receitas. Muxanga não revelou em que quantidade o fornecimento de energia à África do Sul vai reduzir, tendo explicado que esta situação resulta do facto da subestação de Apolo estar em reabilitação, desde o ano passado. Assim, enquanto decorrem as obras, não podem ser transportadas grandes quantidades de energia, como seria de desejar, o que limita a facturação da HCB.
“A produção da HCB está nos mesmos níveis, é provável que haja pequeno decréscimo porque a subestação Apolo tem estado em reabilitação e nós não podemos escoar tanta energia como seria de desejar. Tivemos esse problema no ano passado e mesmo este ano a subestação tem tido muitas interrupções”, explicou, acrescentando que “se a África do Sul não consegue receber energia, então não podemos facturar”. A África do Sul é o maior comprador de energia eléctrica da HCB, que consome 1.300 megawatts. Através da subestação de Apolo, que parte de Tete, na zona centro de Moçambique, até a África do Sul, a HCB distribui energia a zona sul de Moçambique, bem como fornece 150 megawatts deste recurso ao Zimbabwe.
A redução das receitas da HCB será agravada pelo facto do vizinho Zimbabwe, que recebe 200 megawatts, ter uma dívida elevada pelo consumo de energia produzida em Moçambique. Os valores a serem pagos à HCB pelo Zimbabwe não são revelados, porém Muxanga considera que a dívida deste país “é significativa”. “O rítmo de pagamento da dívida do Zimbabwe é preocupante. É uma dívida significativa e preocupante, mas todas as semanas eles pagam entre 500 mil e 700 mil dólares, e isso conforta-nos um pouco”, defendeu.
Muxanga acrescentou que o fornecimento de energia ao Zimbabwe tem sido regular porque há um acordo e eles tem estado a tentar cumprir, para além de que continuam a consumir muita energia. Os principais clientes da HCB são a empresa pública Electricidade de Moçambique (EDM), que compra 400 megawatts, Eskom, produtora e distribuidora sul-africana, que consome 1.300 megawatts, e a ZESA, produtora e distruibuidora de electricidade do Zimbabwe, que beneficia de 200 megawatts, dos quais 50 são distribuídos directamente da linha de distribuição de Tete-Zimbabwe e os restantes 150 via subestação de Apolo. Por outro lado, a HCB fornece até 70 megawatts de energia ao Botswana, de forma irregular.
Num outro desenvolvimento, Muxanga revelou a jornalistas que a HCB já pagou sete prestações para o reembolso do empréstimo para pagar a Portugal pela reversão deste empreendimento a favor do Estado moçambicano. Adicionalmente, a HCB adiantou outras quatro prestações.
O Governo moçambicano contraiu um empréstimo de 700 milhões de dólares do consórcio Calyon e BPI (francês e português) para adicionar aos 250 milhões de dólares pagos na assinatura do acordo de reversão, a 31 de Outubro de 2007, totalizando 950 milhões dólares, para o país reaver a HCB. O V Conselho Coordenador do Ministério da Energia, que é o último deste mandato, termina nesta quarta-feira.