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Forças de Defesa e Segurança retomam escolta obrigatória de viaturas civis na EN1 entre Muxúnguè e o Save

As forças de defesa e segurança moçambicanas recomeçaram nesta quinta-feira(18) a fazer escoltas obrigatórias a viaturas em circulação num troço da Estrada Nacional nº 1(EN1), na região Centro de Moçambique, para prevenir ataques de grupos armados. A escolta militar tinha aplicada no mesmo troço entre 2013 e 2014 devido às hostilidades militares que na altura se registavam e só cessaram após a assinatura do Acordo de Cessação de Hostilidades Militares, a 05 de Setembro de 2014, pelo então Presidente da República, Armando Guebuza, e o líder do partido Renamo, Afonso Dhlakama.

“Restituímos as escoltas no troço entre Save e Muxúnguè, visando garantir a segurança das pessoas”, adiantou à Lusa Sididi Paulo, oficial de imprensa do comando da Polícia da República de Moçambique (PRM) na província de Sofala, após uma série de ataques nos últimos dias que as autoridades atribuem à homens armados do partido Renamo.

Esta medida já tinha sido aplicada no mesmo troço, entre 2013 e 2014, na última crise política e militar entre Governo e Renamo, e, apesar disso, foram registados vários ataques que deixaram um número desconhecido de mortos e feridos, incluindo civis, e fortes danos na economia do país. “Este troço já foi palco deste tipo de incidentes anteriormente e, com estes últimos acontecimentos, decidimos voltar ao sistema de caravanas para proteger as populações”, justificou Sididi Paulo.

Segundo a oficial de imprensa da PRM, as colunas são feitas como nos outros anos, entre as 6 horas e às 18 horas, com “um carro militar em frente, outro no meio e um terceiro no fim da coluna”, assegurando, porém, que a situação está calma. “A situação está controlada. Desde o ataque de ontem [quarta-feira], ainda não registámos nenhum outro incidente”. Sididi Paulo não avançou prazo para o fim das escoltas, afirmando que “esta situação vai prevalecer até haver garantia de que já há segurança para que as pessoas transitem”.

Nos últimos dias vários ataques atribuídos a homens armados do partido Renamo voltaram a provocar o medo e insegurança na EN1, a única estrada que liga o sul ao centro e norte de Moçambique, concentrados no troço Save-Muxúnguè mas também na Gorongosa e Maringué, na província de Sofala.

Entretanto o partido Renamo evitou comentar a instalação destas escoltas militares obrigatórias e a confirmar a autoria dos recentes ataques no centro do país, declarando apenas que cabe às autoridades garantirem a segurança das pessoas.

Questionado pela agência Lusa se os recentes ataques na EN1, na província de Sofala, foram realizados por homens armados do maior partido de oposição António Muchanga, o porta-voz da Renamo, limitou-se a dizer que “é tarefa das forças de defesa e segurança garantirem a segurança das pessoas que transitam, independentemente de quem ataca”.

Sobre a instalação de escoltas obrigatórias, António Muchanga recusou-se a fazer comentários, alegando que não é militar.

O nosso país estava em tréguas militares, desde a assinatura do Acordo de Cessação de Hostilidades Militares, contudo a guerra retomou a seguir às Eleições Gerais cujos resultados não são reconhecidos pelo partido Renamo. O maior partido de oposição ameaça tomar o poder em seis províncias do norte e centro do país, onde o movimento reivindica vitória eleitoral.

O partido Renamo pediu recentemente a mediação do Presidente sul-africano, Jacob Zuma, e da Igreja Católica para o diálogo com o Governo, que se encontra bloqueado há vários meses.

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, tem reiterado a sua disponibilidade para se avistar com o líder da Renamo, mas Afonso Dhlakama considera que não há mais nada a conversar depois de a Frelimo ter chumbado a revisão pontual da Constituição para acomodar as novas regiões administrativas reivindicadas pela oposição e que só retomará o diálogo após a tomada de poder no centro e norte do país.

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