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Forçados a fugir, refugiados do Mali devem perder eleição no domingo

Quando Talhatou Hallahi Maiga ouviu que as autoridades do Mali haviam despachado novas carteiras de identidade para o norte do deserto, em preparação para a eleição presidencial do domingo, ele escapou de um campo de refugiados no país vizinho Níger e foi buscar a sua.

“Eu sou um patriota. Quero votar e é por isso que não hesitei em viajar”, disse, referindo-se ao trajeto de 70 quilómetros que percorreu de Mangaize, no Níger, até Menaka, a sua cidade natal, no nordeste do Mali.

Centenas de milhares de malianos estão abrigados em campos no Níger, em Burkina Faso e na Mauritânia ou espalhados no próprio Mali, após terem fugido do norte do país, que passou a ser controlado por rebeldes no ano passado. É improvável que a maioria dos deslocados seja tão determinada ou tenha tanta sorte quanto Maiga na obtenção de suas carteiras de identidade.

Assim, muitos devem perder a votação de domingo, que malianos esperam que marque o fim de turbulentos 18 meses de conflitos. A rebelião no norte do país, conduzida por separatistas e homens armados ligados à Al-Qaeda, já estava em andamento quando um golpe militar em março de 2012 fez com que suas linhas de frente entrassem em colapso, acelerando a varredura dos rebeldes em direção ao sul.

Foi necessário uma ofensiva militar francesa lançada em janeiro deste ano para dispersar os combatentes e restabelecer o controle da capital sobre o norte, que ainda é tênue. As eleições são vistas como vitais para que o Mali recupere a estabilidade.

O novo presidente terá a missão de liderar os esforços de reconciliação, mantendo negociações com os rebeldes remanescentes e reconstruindo o exército. Alguns temem, porém, que obstáculos técnicos, assim como a baixa participação na eleição possam lançar dúvidas sobre a legitimidade do vencedor, plantando as sementes para um futuro conflito.

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