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FMI: crise financeira mundial custará mais de 4 trilhões de dólares

A fatura da crise continua inflando e o Fundo Monetário Internacional (FMI) avalia que os bancos mundiais deverão captar ainda mais alguns bilhões de dólares para poder voltar a uma situação financeira minimamente aceitável.

No seu último “Relatório sobre a Estabilidade Financeira Mundial”, divulgado nesta terça-feira, o FMI revisou em alta a estimativa do custo da crise financeira mundial, que vai superar, segundo as novas previsões, mais de quatro trilhões de dólares.

O FMI calculou a quantia de 4,054 trilhões de dólares, somando as perdas vinculadas à desvalorização dos ativos financeiros americanos (US$ 2,712 trilhõess), europeus (1,193 trilhão) e japoneses (149 bilhões). Em outras palavras, o custo é o que tiveram e o que terão que suportar o conjunto das instituições financeiras, em consequência principalmente da queda do valor dos ativos que garantem seus créditos, como o imobiliário.

A estimativa, que cobre o período que vai do início da crise financeira, no segundo semestre de 2007, até 2010, foi publicada no último “relatório sobre a estabilidade financeira mundial” do FMI. A estimativa anterior, de janeiro e que não levava em conta os ativos americanos, chegava a 2,2 trilhões. Num momento em que os bancos americanos publicam resultados trimestrais à primeira vista insuficientes, o FMI deixa entrever que os rendimentos anunciados seriam apenas uma ilusão.

O Fundo avalia que os bancos arcarão com 61% do custo total de 4,054 trilhões. Desse total, dois terços devem ser repassados aos bancos. Suas finanças não estão preparadas, insiste o FMI. “A admissão dessas perdas é incompleta e o capital é insuficiente num cenário de recessão”. Os bancos devem, então, encontrar montantes adicionais para fazer com que seus fundos voltem ao nível anterior da crise.

Para encontrar fundos próprios correspondentes a 1/25ª de seus créditos, como é o caso de antes da última bolha, os bancos americanos e europeus devem, respectivamente, captar 275 bilhões de dólares e 600 bilhões em capitais novos. E se quiserem voltar às normas mais prudentes que prevaleciam em meados dos anos 1990 (1/17ª), a cifra sube, respectivamente. a 0,5 trilhão e 1,2 trilhão de dólares.

No atual estado dos mercados financeiros, a tarefa de captar fundos privados será extremadamente difícil, o que incentiva o debate sobre a concessão de novos fundos públicos e nacionalização de entidades. O FMI não se opõe frontalmente a isso, como provou no caso da Islândia, onde os três principais bancos do país foram estatizados.

Para o Fundo, a nacionalização de alguns bancos em dificuldades pode ser uma solução, mas não é a que defende. “Como consequência da incapacidade atual para atrair capitais privados, uma tomada de controle provisória por parte do Estado pode ser necessária, mas apenas com a intenção de reestruturar a instituição para devolvê-la ao setor privado o mais rápido possível”, afirma o FMI. “Quando é necessário mais capital, idealisticamente gostaríamos que este capital viesse do mercado, mas há casos em que isto é impossível”, explicou em uma entrevista coletiva o diretor da divisão de mercados financeiros do FMI, José Viñals. “Não recomendamos o controle do Estado, mas podem existir circunstâncias onde isso é efetivamente a maneira mais eficaz de estabilizar as instituições”, afirmou, por sua vez, outro conselheiro financeiro do FMI, Jan Brockmeijer.

O FMI também fez um apelo aos ministros das Finanças dos países desenvolvidos e emergentes do G20, que se reúnam em Washington parar dar prosseguimento a seus esforços. Destacando “os primeiros sinais de estabilização” do sistema financeira mundial, a instituição espera “outras medidas enérgicas e eficazes e uma cooperação internacional para conseguir esta recuperação, restabelecer a confiança nas instituições finaneiras e normalizar os mercados”, conclui o relatório.

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