O ex-Presidente cubano Fidel Castro disse na quinta-feira que a humanidade estava em uma “marcha rumo ao abismo”, que ele atribuiu, em parte, à descoberta e exploração de grandes reservas do chamado “gás de xisto” pelo mundo.
O gás de xisto é um gás natural proveniente de formações rochosas, que na década passada foi encontrado em abundância pelo mundo e agora é considerado a mais importante fonte de energia no futuro.
Fidel, de 85 anos, escreveu em uma das suas colunas na mídia estatal cubana que “inúmeros perigos ameaçam-nos, mas dois deles — a guerra nuclear e a mudança climática — são decisivos e ambas estão cada vez mais distantes de uma solução”. Ele disse que apenas recentemente havia tomado conhecimento do fenômeno do gás de xisto, que provocou uma grande alta nas perfurações em algumas partes dos Estados Unidos. Ao perguntar a alguns conhecidos tanto em Cuba como no exterior sobre a questão, “nenhum deles tinham ouvido falar qualquer coisa sobre isso”.
A produção de gás de xisto é criticada por ambientalistas por exigir um processo extenso de “fraturamento hidráulico”, que usa água, areia e químicos para fraturar a rocha onde o gás está contido e assim permitir que vaze para fora do poço. O fraturamento hidráulico, segundo os críticos, contamina as fontes de água subterrâneas e pode causar outros problemas.
Fidel apoiou os críticos, citando relatórios sobre os efeitos negativos do fraturamento hidráulico e pesquisas indicando que o gás de xisto emite mais gases de efeito estufa do que o gás por poços convencionais. Fidel disse que estava tão decidido a divulgar o alerta que deixou transcorrer “os dias festivos do velho e do novo ano” para escrever a coluna.
Foi a primeira coluna que o ex-líder cubano escreveu desde 13 de novembro, e foi publicada após rumores terem circulado no Twitter na segunda-feira de que ele havia morrido.