Fernando Carrelo é uma proeminente personalidade na cidade da Beira. Chegou a ser um dos políticos mais activos na capital provincial de Sofala, quando decidiu apoiar várias campanhas eleitorais a favor da Renamo.
Ele foi quem contribuiu bastante para a primeira eleição de Daviz Simango para a presidência do município da Beira, na altura candidatado pela Renamo.
Na mesma época foi eleito membro da Assembleia Municipal da Beira, mas passado pouco tempo renunciou o cargo alegando que não concordava com os métodos de gestão autárquica usados por Daviz Simango.
Foi a primeira denúncia contra Daviz Simango, desde então acusado de promover nepotismo e outras práticas fora de comum na gestão autárquica.
Depois de bastante tempo calado, até porque o próprio convocara uma conferência de imprensa na Beira para anunciar publicamente que se afastava da política, semana passada, Fernando Carrelo contactou a nossa redacção para quebrar o silêncio e abordar a crise no MDM, liderado por Daviz Simango.
Nesse contacto, Fernando Carrelo “disparou” forte contra Daviz Simango, acusando-o de ser um homem bastante perigoso, arrogante, nepotista, ególatra e que só sabe enganar pessoas distraídas.
Carrelo dá razão a posição assumida por Ismael Mussá, de abandonar o cargo de secretário-geral do MDM, por discordar com os métodos de gestão do partido pelo presidente Daviz Simango, assim como congratula-se com os comentários de Dionísio Quelhas na imprensa.
E diz mais: “Isso tudo que se passa hoje e tudo quanto se diz sobre Daviz Simango e o MDM eu já esperava a muito tempo. Foi por isso mesmo que decidi afastar-me do Daviz Simango que também havia caído na ratoeira dele quando o apoiei para a sua primeira eleição”.
Depois de uma breve pausa, Carrelo explica ter apoiado a primeira candidatura de Daviz Simango por respeito a decisão da liderença do partido Renamo, mas já nessa altura não concordava com ele porque havia tido algumas referências sobre o seu envolvimento no PCN, juntamente com o seu irmão Lutero Simango.
Recordou com alguma tristeza como o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, aceitou ser enganado por um pseudo-conselheiro infiltrado no partido pelo PCN, numa clara alusão a Agostinho Ussore, que mais tarde viria a zarpar para o MDM, confirmando a sua posição falsa.
Na opinião do nosso entrevistado, enquanto Daviz Simango não mudar a sua forma de ser, enquanto continuar a privilegiar a arrogância, o nepotismo, o egocentrismo, amiguismo, servelismo (…) nem ele nem o seu partido poderão aspirar sucesso.