A Federação moçambicana dos Transportadores Rodoviários (FEMATRO) garantiu esta quarta-feira, em Maputo, que nenhum dos seus filiados está disposto a aderir a uma possível manifestação de protesto contra as inspecções periódicas obrigatórias de veículos.
“Estamos fora de uma possível manifestação. Temos canais próprios para discutir qualquer assunto com o Governo, incluindo a questão das inspecções. Este é um assunto que ainda não foi esgotado”, disse o Presidente da FEMATRO, Rogério Manuel. Ele falava a imprensa a margem de um encontro de reflexão sobre as inspecções periódicas e obrigatórias de veículos automóveis e reboques que ainda hoje juntou transportadores e outros intervenientes interessados na matéria de segurança rodoviária.
Com efeito e desde a semana passada circulam informações, através de e-mail, mensagens telefónicas, entre outros canais, indicando que os transportadores agendaram, para a próxima Segunda-feira, uma manifestação de protesto contra a introdução deste tipo de inspecções. Por outro lado, Manuel garantiu que para os transportadores, filiados na FEMATRO, as inspecções são necessárias para a garantia da segurança rodoviária, não obstante a existência de alguns constrangimentos.
O excesso de parâmetros, a rigidez na avaliação e a ocorrência de actos de corrupção são alguns dos exemplos de constrangimentos avançados pela liderança da FEMATRO. Sobre o excesso de parâmetros, Manuel explicou que os mesmos foram elaborados não tendo em conta a realidade do país, principalmente no tocante ao estado das vias de acesso, provimento de peças sobressalentes de qualidade e poder de compra dos moçambicanos.
O sector de transportes é da opinião de que na inspecção se olhasse apenas para o estado de travões, amortecedores, suspensão, iluminação e pneus, sendo que os outros parâmetros que são objecto de avaliação não fossem tomados em conta, numa primeira fase. Segundo a fonte, apenas estes parâmetros é que deviam constituir, nesta fase, motivo para aprovar ou reprovar o relatório da inspecção.
Quanto a corrupção, Manuel disse que já há indícios deste fenómeno nos centros de inspecção, sobretudo porque existem parâmetros que dependem da opinião do inspector e que podem ser facilmente adulterados e negociados. Sobre esta matéria, o Presidente de Conselho de Administração (PCA) do Instituto Nacional de Viação (INAV), Alfiado Sitoe, pediu para que os utentes dos serviços de inspecção denunciem casos de corrupção.
“Não houve ainda provas. Se houver problemas deste género temos de ter coragem de denuncia-los. Não podemos por em causa um centro de inspecção por causa de uma ou duas pessoas”, disse Sitoe. Desde que as inspecções entraram em vigor, a 1 de Fevereiro último, pelo menos na cidade e província de Maputo, e na província de Tete, no Sul e Centro de Moçambique, respectivamente, foram abrangidas cerca de 2.800 viaturas. Destas 12,9 por cento reprovaram.