A guerrilha Farc pediu, esta Quarta-feira (6), ao governo colombiano que legalize parte dos cultivos de folha de coca e soruma no país e que não criminalize os camponeses envolvidos nessa actividade, uma reivindicação que o grupo rebelde considera fundamental para chegar a um acordo de paz nas negociações que transcorrem actualmente em Cuba.
No que seria uma antecipação do crucial tema do narcotráfico, um dos cinco pontos na pauta do processo de paz, a principal guerrilha colombiana argumentou que a descriminalização permitiria o uso desses cultivos com fins medicinais e beneficiaria agricultores pobres.
“É preciso reorientar o uso da terra para produções agrícolas sustentáveis e, inclusive, considerar planos de legalização de alguns cultivos de soruma, papoula e folha de coca com fins terapêuticos e medicinais, de uso industrial, ou por razões culturais”, disse o negociador Iván Márquez a jornalistas.
Ele também defendeu um fim da “política de criminalização e perseguição, a suspensão das fumigações aéreas e outras formas de erradicação que estão a gerar impactos negativos socioambientais e económicos”.
A delegação governamental no processo de paz iniciado em Novembro não se manifestou, esta Quarta-feira. Embora sem incluir isso no documento apresentado ao governo, Márquez reiterou a posição da guerrilha a favor da legalização do uso da cocaína.
“Assim como se legalizou no passado o uso do tabaco e do álcool, pode-se fazer o mesmo com a cocaína, desde que se tenha em conta essa campanha de orientação da juventude”, afirmou ele antes de entrar no centro de convenções de Havana onde o diálogo acontece.
O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, já citou o tema da legalização e despenalização do uso de drogas em fóruns internacionais.