A capital de Moçambique esteve sem água potável entre a noite de quinta-feira(03) e o meio dia desta sexta-feira(04) devido a mais um corte de energia eléctrica que afectou a Estação de Tratamento de Água(ETA) do Umbelúzi, que abastece a cidade e província de Maputo. “(…)Nos últimos dias a qualidade da energia fornecida à ETA Umbelúzi tem estado a degradar-se, o que aliado ao cortes sistemáticos de electricidade compromete o normal funcionamento do sistema no seu todo” explicou o porta-voz da empresa Águas da Região de Maputo. Em finais de Janeiro o primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, considerou inconcebível a dependência que o sistema de Águas da Região de Maputo tem da energia distribuída pela Electricidade de Moçambique(EDM) e sugeriu “investimentos paralelos”.
José Ferrete, porta-voz da empresa privada que explora o sistema de abastecimento de água potável à cidade e província de Maputo (Sociedade Águas da Região de Maputo), explicou ao @Verdade que a falta de água não se trata de uma restrição programada, “mas é resultado de uma avaria na rede de fornecimento de electricidade à ETA Umbelúzi”.
“A falta de água hoje deve-se ao facto da ETA Umbelúzi ter ficado ontem sem energia desde as 14:35 horas até às 20:58 horas, o que significa cerca de 6 horas sem produzir água nenhuma. Esta manhã verificou-se também um corte de energia entre as 8:47 e as 9:12 horas. Deste modo, o arranque da distribuição de água a Maputo, Matola e Boane só aconteceu por volta das 9:00 horas da manhã de hoje(sexta-feira)”, detalhou Ferrete por correio electrónico.
De acordo com a fonte decorrem operações para estabilizar a rede de distribuição de água, de modo a que a situação volte ao normal rapidamente, porém José Ferrete esclareceu que “para podermos distribuir água normalmente, a ETA tem que produzir durante 24 horas, pelo que qualquer paralisação da unidade de produção tem como consequência a falta de água porque os níveis dos depósitos não atingiram o mínimos tecnicamente aceitáveis para o arranque da distribuição”.
Os cortes no fornecimento de água potável à capital moçambicana têm sido uma constante desde 2015. No início do ano o primeiro-ministro disse, durante uma visita ao Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água(FIPAG), em Maputo, que os cortes de energia eléctrica não podiam determinar a interrupção de abastecimento de água.
Para Carlos Agostinho do Rosário, é inconcebível a dependência que o sistema de Águas da Região de Maputo tem em relação a energia fornecida pela empresa estatal que tem o monopólio da distribuição de electricidade no nosso país, a EDM, e sugeriu ao FIPAG, instituição do Estado que gere os investimentos no sector de águas nas grandes cidades, o investimento em fontes de energia alternativas. Ambas instituições são tuteladas pelo primeiro-ministro.
“Qualquer corte ou oscilação de energia provoca a paragem automática do equipamento de produção, que para voltar a ser restabelecido demora entre 1 a 3 horas” acrescentou José Ferrete ao @Verdade, acrescentando que “nos últimos dias a qualidade da energia fornecida à ETA Umbelúzi tem estado a degradar-se, o que aliado ao cortes sistemáticos de electricidade compromete o normal funcionamento do sistema no seu todo”.
Entretanto os bairros periféricos das cidades de Maputo e Matola enfrentam um drama muito maior de falta de água, bairros existem que estão sem água potável canalizada há mais de três meses. Outros bairros de expansão nem sequer recebem a água canalizada do sistema de Águas da Região de Maputo que abastece apenas cerca de 70% dos residentes da cidade e província de Maputo.