Está em “banho-maria” o projecto de construção da fábrica de produção de etanol na base do melaço (cana-de-açúcar), na localidade de Dombe, distrito de Sussundenga, província de Manica, centro de Moçambique.
Esta informação foi revelada, semana finda, durante um encontro organizado pelo Centro para a Promoção da Agricultura (CEPAGRI) sobre o ponto de situação dos projectos de biocombustíveis em curso no país. O projecto, aprovado pelo Conselho de Ministros em 2008, é propriedade da empresa Mozambique Principle Energy.
O mesmo está avaliado em 280 milhões de dólares norte-americanos e contempla, para além da edificação da referida unidade industrial, uma área de 18 mil hectares para o cultivo de cana-de-açúcar e montagem de quatro bombas de irrigação, bem como a construção de infra-estruturas de apoio social.
As obras de construção da fábrica deveriam ter arrancado no ano passado, e terminar em 2013. Entretanto, as últimas notícias indicam que as mesmas poderão iniciar ainda no decurso deste ano. De acordo com o coordenador de programas de biocombustíveis no CEPAGRI, Hélio Neves, o projecto esta a ser reestruturado.
“As últimas informações que tivemos indicam que a empresa está a passar por uma fase de reestruturação e o projecto está a ser ajustado. Os proponentes estão a fazer alguns ajustes na componente investimento, não sabemos ainda claramente o que se está a passar”, disse.
De salientar que desde 2007, altura em que o Governo moçambicano decidiu apostar nos biocombustíveis como forma de reduzir a dependência do país em relação aos combustíveis fosseis, vários projectos foram aprovados e muitos ainda não começaram a apresentar resultados, com excepção da Sunbiofuel, Associação de Bilibiza, que conta com o apoio da organização não governamental ADPP e a Petromoc.
Desde que eclodiu a crise financeira e internacional em 2008, muitos projectos tem estado a ser reajustados ou paralisados por falta de recursos.
A fábrica de Dombe, a ser construída, produzirá anualmente 220 milhões de litros de etanol, combustível destinado, na sua maioria, à exportação para a Grã-Bretanha, através da empresa petrolífera Shell.
Para dar corpo à iniciativa, a Mozambique Principle Energy iniciou há mais de três anos o processo de produção de cana sacarina, prevendo-se que até finais de 2011 haja matéria-prima suficiente que justifique a edificação daquela que poderá vir a ser a primeira fábrica do género no país.
A Mozambique Principle Energy é a subsidiária moçambicana do grupo britânico Principle Energy que tem a sua sede em Genebra, bem como escritórios na África do Sul e conta com capitais moçambicanos e mauricianos.