O principal exportador de armas da Rússia anunciou na quinta-feira que suas vendas aumentaram 10% em 2009 apesar da crise económica, enquanto tenta captar clientes como Arábia Saudita, Líbia e eventualmente Afeganistão, e juntá-los aos compradores mais recentes como Venezuela. As exportações da empresa estatal fabricante de armas Rosoboronexport chegaram a 7,4 bilhões de dólares (5,2 bilhões de euros) em 2009, um aumento de 10% com relação ao ano anterior, assinalou o diretor-geral, Anatoly Isaikin.
“Este é um valor que nos permite pensar no futuro com otimismo”, declarou Isaikin aos jornalistas, afirmando que a crise não afectou as exportações globais de armas russas. Os clientes tradicionais de armas russas são Índia, China, Argélia e Malásia, enquanto que Venezuela e Síria se tornaram os clientes mais recentes. A Rússia é o mais importante provedor de armas à Venezuela, após Washington restringir em 2006 a venda de armas a Caracas por considerar que o país não cooperava suficientemente contra o terrorismo.
Dmitry Vasilyev, um analista que trabalha no Centro de Análise de Estratégias e Tecnologias, disse que as vendas de armas russas poderiam ser ainda mais significativas, se não fosse pela incapacidade da indústria nacional de fazer frente a “uma demanda muito grande” de armas russas.
Das armas vendidas, mais da metade correspondem a aviões. O principal exportador de armas do mundo é os Estados Unidos, seguido por vários países, incluindo Rússia, Grã-Bretanha e França. “Atualmente estão ocorrendo conversas intensas sobre o abastecimento de todo o tipo de armas” com a Líbia, um cliente da época soviética, afirmou Isaikin, acrescentando que esperava que as probabilidades de vendas de armas à Arábia Saudita também fossem “boas”.
Na quarta-feira, o ministro de Defesa russo Anatoly Serdyukov discutiu possíveis vendas de armas com o ministro líbio, Abu Bakr Yunis Jaber, mas fontes oficiais não puderam dizer se havia acordos em vista. Autoridades iraquianas e afegãs também fizeram contato com os russos com o objectivo de comprar armas, mas o governo norte-americano deverá decidir se esses acordos com Moscou são possíveis, explicou Isaikin. Também reiterou a posição tradicional russa de que Moscou não teria “obstáculos” na venda de armas ao Irã.
Entretanto, negou-se a revelar todos os novos detalhes sobre a polêmica decisão russa de vender ao Irã modernos sistemas de defesa aérea S-300, que ainda não foram entregues – um acordo que preocupa os Estados Unidos e Israel. Por outro lado, Rosoboronexport observou um grande interesse de outros países no S-400, a última geração de sistema de mísseis de defesa aérea, e “há muitas conversas preliminares”, disse Isaikin.