Uma média anual de 80 milhões de dólares norte-americanos constitui a receita injectada ao país pela exportação de algodão por 10 empresas de fomento desta cultura tradicional de exportações moçambicanas.
A sua produção está a ser feita por cerca de 30 mil camponeses agrupados em associações, recebendo, gratuitamente, insumos agrícolas e assistência técnica fornecidos pelas empresas de fomento, segundo conclusões de uma pesquisa da empresa KPMG, encomendada pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA).
A pesquisa concluiu, entretanto, que a liberalização da economia é um objectivo, “mas tem as suas pré-condições”, pois o mercado livre é o ideal numa sociedade desenvolvida, “mas será que existe?”, indaga o documento, apontando, em seguida, que os Estados Unidos da América (EUA) subsidiam os produtores de algodão em cerca de cinco biliões de dólares norte-americanos por ano e a União Europeia tinha uma política semelhante, enquanto alguns países chegaram a ter políticas de pagamento aos produtores para que estes não produzissem durante épocas de excesso de produção. “Quer dizer pagavam para não produzir”, enfatiza o relatório da KPMG.
Crédito
Por outro lado, durante a PUB realização da pesquisa, a KPMG afirma ter notado que apenas Montepuez e a cidade de Pemba, em Cabo Delgado, eram regiões que tinham instituições bancárias e nos restantes distritos não existia nenhum banco comercial.
“Também não existia qualquer empresa comercial que fornecesse os insumos necessários aos produtores”, para além do Instituto de Algodão de Moçambique não dispor de técnicos extensionistas especializados para auxiliarem os produtores de algodão.
Na altura do trabalho, muitos produtores do sector familiar queixaram-se da falta de dinheiro para compra de insumos e outras necessidades, sublinhando que não existe garantia de protecção, nem de preço pago ao produtor e “incertezas quanto ao fornecimento de insumos, resultando em rendimentos mais baixos”.
Outras desvantagens estão relacionadas com a diminuição do investimento na modernização das fábricas, resultando na diminuição da qualidade e quantidade da fibra produzida, bem como na inexistência de controlo de qualidade, provocando uma diminuição do valor das exportações e um impacto menos positivo na renda dos produtores e fábricas de fomento de algodão.
Como solução para a gravidade da situação da produção de algodão, a KPMG propõe providenciar assistência aos camponeses através dos extensionistas e fornecimento gratuito de semente, produtos químicos e sacos sob forma de crédito, sempre que possível, crédito em dinheiro e compra de todo o algodão produzido dentro da sua concessão, para além de se fixar um preço previamente definido com os produtores e fixado pelo Governo e assegurar o respectivo transporte de algodão entre os mercados.