Um carro-bomba matou pelo menos oito pessoas e deixou dezenas de feridos, esta Segunda-feira (20), perto duma delegacia de polícia da cidade de Gaziantep, que fica perto da fronteira com a Síria, no sudeste da Turquia, num ataque atribuído por um político a separatistas curdos.
Imagens de TV mostraram bombeiros a tentarem apagar um incêndio num autocarro e ambulâncias a retirarem vítimas diante do olhar perplexo de pedestres.
“Infelizmente perdemos oito cidadãos e quase 60 pessoas estão a ser tratadas em vários hospitais, segundo a nossa informação inicial”, disse aos repórteres o governador de Gaziantep, Erdal Ata.
As autoridades disseram que a explosão foi causada por uma bomba accionada por controle remoto.
Ninguém assumiu de imediato a autoria, mas o sudeste da Turquia é cenário de frequentes ataques do grupo separatista Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
O atentado deve estremecer ainda mais as relações da Turquia com o governo da Síria, acusada por Ancara de apoiar o PKK.
“O PKK … está a tentar provocar os nossos cidadãos ao atacar directamente a população civil. Os nossos cidadãos precisam de permanecer de cabeça fria”, disse pelo Twitter o político Omer Celik, vice-presidente do partido governista AK.
O PKK actualmente controla algumas áreas da Síria fronteiriças com a Turquia, e Ancara acredita que os militantes separatistas recebem armas das forças do presidente sírio, Bashar al-Assad.
Sábado (20), a Turquia começou a distribuir ajuda humanitária aos refugiados sírios na fronteira, e Gaziantep é uma região que tem recebido um fluxo especialmente intenso de civis fugindo do conflito dos últimos 17 meses na Síria.
O primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, outrora aliado de Assad, tornou-se nos últimos meses um dos seus mais duros críticos, chegando inclusive a acenar com a possibilidade duma intervenção militar na Síria caso o PKK torne-se uma ameaça no país árabe.
A Turquia suspeita que o Partido da União Democrática (PYD), composto por sírios de origem curda, tenha ligações com o PKK.
Os analistas turcos dizem que Assad pode ter permitido que o PYD controlasse algumas áreas do norte sírio para evitar que as populações locais aderissem à rebelião.
Os combates entre o Exército turco e os militantes do PKK intensificaram-se nas últimas semanas no distrito turco de Semdinli, na fronteira com Irão e Iraque.
Também, esta Segunda-feira (20), dois soldados turcos foram mortos por uma mina terrestre numa estrada no sudeste do país, num ataque que as autoridades também atribuíram ao PKK.