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Expansão da mina de extracção de calcário de Muanza gera preocupação

A gestão conjunta do Parque Nacional da Gorongosa (PNG) que envolve o Ministério do Turismo (MITUR) de Moçambique e a Fundação Carr dos Estados Unidos da América, manifesta reservas em relação ao desenvolvimento do projecto de exploração do calcário de Muanza, no distrito do mesmo nome, na Província de Sofala, Centro do País.

Uma parte do Distrito de Muanza incluindo a área onde ocorre a mina de extracção de calcário, principal matéria- prima para a produção de cimento, encontra-se integrada na circunscrição do PNG. A exploração da mina de calcário na região de Muanza já existia dentro do PNG e sempre foi aceite legalmente pelas autoridades do parque. Devido o último conflito de desestabilização em Moçambique as actividades na mina haviam sido interrompidas e, agora, com o advento da Paz, a Cimentos de Moçambique (CM) que detém a licença de exploração da mina pretende retomar as operações e num horizonte mais amplo que anteriormente, dada a actual exigência do mercado.

É devido a essa perspectiva da CM, actualmente detida pelo Grupo Português Cimpor, que os gestores do PNG manifestam reservas, uma vez terem conhecimento da proposta dos detentores da licença de exploração da mina da sua expansão para dentro do parque. “Isso nos preocupa porque essa mina tem a ver com as outras formações de calcário que existem no parque que tem não só valor paisagístico mas também tem valor cultural” – afirmou Carlos Lopes Pereira, Director da Área de Conservação do PNG, numa conferência de imprensa tida lugar recentemente no acampamento de Chitengo, onde igualmente funciona a sede do parque.

Pereira deu exemplo as grutas naturais de côndua que tem uma história muito recente relacionada com os concidadãos que se refugiaram para o seu interior durante o período do conflito armado, além de várias histórias longínquas que são contadas pelos anciãos da comunidade. “Portanto, isso nos preocupa sobremaneira, assim como nos preocupa qualquer actividade que seja feita na zona tampão sem ter em conta a minimização dos impactos que as mesmas podem trazer para a vida do parque” – referiu.

A fonte anotou, entretanto, que o Parque Nacional da Gorongosa não é contra a existência de actividades no seu interior, mas preocupa-se no sentido de essas actividades sejam desenvolvidas por formas tecnicamente aceitáveis, para não prejudicar sobretudo os esforços em curso para a recuperação daquela que é considerada jóia de referência de Moçambique. O Parque Nacional da Gorongosa está a beneficiar de um ambicioso projecto de reabilitação, o qual é considerado representa uma das maiores oportunidades de conservação no mundo de hoje. É de facto um lugar extraordinariamente bonito, para alguns representa o que de melhor o Planeta Terra tem para oferecer.

Desflorestamento outra preocupação

O desflorestamento no Parque Nacional da Gorongosa, muito sobretudo na sua zona tampão, constitui outra grande preocupação dos gestores dessa área de conservação natural. Trata-se de uma situação muitas vezes impulsionada pelos operadores florestais, havendo correntes que defendem que a entidade gestora do parque devia ter uma quota parte no processo de autorização do licenciamento para o exercicio da actividade florestal mais concretamente na sua zona tampão.

O Director da Área de Conservação do PNG, Carlos Lopes Pereira, reconhece que a actividade florestal sobretudo na zona tampão do parque tem se revelado de difícil supervisão, pois além da existência de operadores autorizados há também os clandestinos que desenvolvem- a de forma desorganizada. Portanto, sem respeito pelos limites de concessão e as vezes saindo fora desses limites utilizando os recursos que estão disponíveis no parque, mais concretamente na zona tampão.

O Parque Nacional da Gorongosa é uma das regiões de grande diversidade de espécies e com características ecológicas que não se encontram em mais nenhum lugar. Estudos indicam que aproximadamente noventa por cento da biodiversidade terrestre a nível mundial pode ser encontrada em eco-regiões que representam apenas dois por cento da superfície terrestre, e a chave para que, continue a existir diversidade de espécies no planeta está na protecção destas áreas críticas.

Os 3.770 quilómetros quadrados do PNG estão localizados no extremo Sul do Grande Vale do Rift Africano.

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